Superando
o número de viciados no "crack" e na heroína, a adição à pornografia na
Internet surge no mundo moderno como uma nova forma de vício, com resultados
mais devastadores do que os provocados por essas drogas tradicionais.
Quase 30% do tráfico
produzido na Internet em nível global se referem à pornografia. Segundo
estimativas de especialistas, esse mercado detém 146 milhões de páginas
na web, visitadas diariamente por milhões de pessoas, com ingressos
de milhões de dólares, superando os das grandes companhias como Google,
Microsoft, eBay, Appel ou Netflix.
Para o Instituto Max
Planck, da Alemanha, que vem estudando o assunto, "um dos problemas
que aponta o autor é que precisamente hoje em dia se tem um grande acesso a
essa droga (vivemos na era das comunicações), em qualquer lugar e inclusive em
qualquer momento [com internet nos celulares e semelhantes]. A isto se há que
somar, como foi dito, o grande número de páginas da web dedicado à pornografia,
que cada dia, por certo, é maior".
Isso porque "a
pornografia se converteu em algo 'normal' nesta época, na que se difundem sem
nenhum pudor condutas sexuais através das numerosas maneiras que existem hoje
em dia de 'compartilhar' algo. Não é estranho encontrar-se com uma 'erotização'
da cultura, de uma 'pornificação' da sociedade, na qual tudo vale, e na qual o
normal é criar ícones sexuais para todo tipo de pessoas, a pornografia e o sexo
ao gosto do consumidor".
Eis o problema maior, para
ficarmos agora só no terreno meramente material: "Esta nova droga tem
também uma série de efeitos no cérebro de quem a consome, modificando a massa
cerebral depois de longas horas de exposição à pornografia, tal como avaliam
alguns estudos científicos levados a cabo na Alemanha pelo Instituto Max
Planck"[i].
Cientistas da Universidade de
Cambridge também "estudaram recentemente o cérebro de pessoas que
consomem muita pornografia e levaram um susto: ele funciona exatamente da mesma
forma que o cérebro de viciados em drogas. O lobo frontal foi a área que
mostrou muitas similaridades. Esta é a região responsável, entre outras coisas,
pela formação de nossos julgamentos - nos ajuda a decidir o que é certo ou
errado, bom ou mau, seguro ou perigoso"[ii].
Quer dizer, a pessoa adicta perde a noção do bem e do mal, da verdade e do
erro. Com isso, torna-se vítima passiva de toda sorte de desmandos, tanto na
linha religiosa, quanto moral e social.
O pior de tudo é que, segundo
notícia desse site que vimos citando, há uma verdadeira indústria da pornografia
na Internet. De acordo com a revista americana"The Week", "a
indústria pornográfica movimenta, no mundo, US$ 97 bilhões todos os anos. O
pornô, apenas nos Estados Unidos, é responsável por quase 13% desse montante -
e a net, pela metade disso".
Tal revista apresenta uma
estatística assombrosa sobre o vício de adição à pornografia na Internet, no
mundo: 12% dos sites que existem na internet são pornográficos - ou, em
números atuais, 76,2 milhões; 25% das pesquisas em ferramentas de busca
envolvem sexo - o que dá 750 milhões de consultas diárias; 35% dos downloads são
pornográficos; 8% dos e-mails transmitidos diariamente
têm conteúdo sexual; 89% de toda a pornografia da internet é criada nos EUA;
20% dos homens confessam que veem pornografia no meio do expediente
de trabalho; 70% dos homens com idades entre 18 e 24 anos visitam sites
pornográficos ao menos uma vez por mês.
Mas a degringolada moral não
para aí: 1 em cada 4 pessoas que entram em sites pornográficos é mulher [a que
ponto chegou a degradação do sexo feminino!]; no mundo inteiro, chineses,
japoneses, americanos e sul-coreanos são os que mais consomem [quer dizer, onde
há mais prosperidade material, cresce a degradação moral]; 266 novos sites
pornôs surgem todos os dias na internet [isso não ocorreria sem uma ação muito
especial do demônio]; R$6,7 bilhões são gerados anualmente com o webporn
me, só nos EUA.
A celeridade com que um
número cada vez maior de pessoas adere à pornografia online já
está levantando algumas reações de médicos, educadores e pessoas concernidas,
sobretudo com a educação dos jovens. Desse modo, já há livros e artigos de
imprensa tratando do problema, enquanto alguns governos estão tomando
providências para contorna-lo.
Por exemplo, "o
governador Gary R. Herbert, do estado de Utah, nos Estados Unidos, assinou uma
resolução e um projeto de lei declarando a pornografia 'um perigo para a saúde
pública, que conduz a um amplo espectro de efeitos nocivos para a sociedade'".
"Os legisladores [do Estado] assinalam que a pornografia tem um efeito
prejudicial na família, porque 'diminui nos homens jovens o desejo de casar-se,
gera insatisfação no matrimônio, e infidelidade'. Em resposta a isso, a
resolução advoga pela 'educação, a prevenção, a investigação e a mudança de
política'".
A porta-voz da diocese de
Salt Lake City, capital do Estado de Utah, também se pronunciou, dizendo que
essa medida "afirma nossa crença na dignidade inviolável da pessoa
humana, revelada plenamente por Cristo, e o dom da sexualidade humana e do
matrimônio como plano de Deus"[iii].
Contudo, por mais que se faça
no campo das leis e de controle da internet pelo governo, não passará de
medidas paliativas, pois tudo isso não é senão o reflexo de uma crise religiosa
e moral muito maior na qual jaz o mundo atual. Enfraquecido na humanidade o
amor de Deus, perdeu-se a noção do bem e do mal, da verdade e do erro, e,
sobretudo, a noção de pecado.
Com efeito, o que mais salta
aos olhos nessa adição à pornografia é o número de pecados contra a virtude da
castidade. Sua gravidade é tal, que um só pecado mortal - o mais grave dos
males -, pode levar quem o pratica à condenação eterna.
Sem esta noção do pecado que
assim se comete, não há freio capaz de conter tal avalanche de degradação.
Antigamente as pessoas tinham
a Igreja Católica na conta de guardiã da verdade e da moralidade. Os Dez
Mandamentos da Lei de Deus e os da Igreja eram a norma de vida. - O "Não
pecarás contra a castidade", e "Não desejarás a mulher do próximo" eram
a norma de conduta.
Mas, infelizmente, essa crise
penetrou até no interior da Igreja, sobretudo a partir do Concílio Vaticano II,
que abriu as janelas para que os ventos do mundo nela penetrassem. Com isso,
pouco auxílio encontram os fiéis, tornados órfãos daquela que é a Cátedra da
Verdade.
Para piorar o quadro, com as
uniões livres, o divórcio e o enfraquecimento dos laços de família, quase
ninguém observa a castidade como Deus estabeleceu. E agentes poderosos como a
mídia - principalmente a televisão, além do que já foi dito da Internet -
divulgam a imoralidade mais crua, ao lado de uma amoralidade sem limites, não
só nas inqualificáveis novelas em que predominam cenas escabrosas, linguagem chula
e erotizante, mas até em anúncios de dentifrício ou de bombons.
Isso produziu nefastos
efeitos no dia-a-dia das pessoas. Razão pela qual já foram incorporados à
linguagem corrente, com todo o "direito de cidadania", termos antes
considerados palavrões, que até há pouco uma boca casta não proferia. Tais
termos vão se generalizando tanto entre homens quanto mulheres. E podem ser
vistos até em mensagens do facebook, nos quais eles aparecem com
toda naturalidade ao lado de cenas escabrosas postadas mesmo por pessoas tidas
como honestas e piedosas.