Anunciado para lançamento em 6 de dezembro, nos Estados Unidos, o filme 'Virgem Maria', da Netflix possivelmente não agradará católicos.
A fé se conserva na perseverança?
Parece que não nos cabe conservar a fé, pois uma vez adquirida não haverá risco de abandoná-la.
No mais, supõem alguns que perseveramos até o fim porque Deus permanece em nós, e não porque permanecemos em Deus, vez que não temos capacidade, nem vontade de nos conservarmos no amor e na verdade.
Além disso, outros muitos creem que não são os perseverantes que conservam a fé e se salvam, mas os que já estão salvos, e que, por isso, perseveram e assim conservam a fé.
Por fim, acredita-se que a exemplo da fé, a perseverança não pode ser perdida, pois aqueles que não a tiveram até o fim, não a tiveram em nenhum momento, como parece ter ensinado Santo Agostinho.
MAS
EM CONTRÁRIO, "O SENHOR ESTÁ CONVOSCO, ENQUANTO VÓS ESTAIS COM ELE;
SE O BUSCARES, ELE SE
DEIXARÁ ACHAR; PORÉM SE O DEIXARDES, ELE VOS DEIXARÁ." (II Crônicas
15, 2); "PROCURAI-O NA SIMPLICIDADE DE CORAÇÃO, PORQUE
ELE É ENCONTRADO PELOS QUE NÃO O TENTAM, E SE REVELA AOS QUE NÃO LHE RECUSAM CONFIANÇA.
(Sabedoria 1.1,2); "Por isso, "[….] CONSERVEMOS FIRMES A NOSSA FÉ."
(Hebreus 4,14)
SOLUÇÃO: Para a salvação é preciso preservar a fé nas verdades reveladas por Cristo, e ensinadas na sua Igreja. Logo, a perseverança é o necessária para que persistamos com firmeza de vontade não apenas crendo, mas praticando essas verdades com constância e sem lapsos, contra todos os obstáculos que delas tendem a nos afastar. É a virtude que nos permite viver habitualmente, segundo os fins para os quais Deus nos destinou: "Para o céu que devem ser dirigidos os nossos desejos e nossos corações. (Compêndio de Teologia Mística e Ascética, Tanquerey, p. 355. 5ª Ed. Francesa, e 3ª Ed. Portuguesa, ano 1940)"
Logo, a conservação da fé, esperança e caridade depende da perseverança:
"Por ele sereis salvos, SE O CONSERVARDES COMO VO-LO PREGUEI. DE OUTRA FORMA, EM VÃO TERÍEIS ABRAÇADO A FÉ." (I Coríntios 15. 2)
Na intensidade da perseverança que a fé, a esperança e a caridade experimentam a perfeição e o crescimento na prática necessária dos atos da bondade, no que então se responde as questões acima:
1 — Em sua jornada terrena, o ser humano não é agente estático em suas opiniões, pensamentos, hábitos e atos. Antes, é movido por influências externas ao seu redor, experiências que podem lhe colocar com portador de expectativas, traumas, paixões, ilusões ou desilusões, alterando sua razão e inflamando sua sensibilidade, tornando-o volúvel. O ato humano é sempre resultado passivo do conjunto de experiências pretéritas e vivência preexistentes, segundo as quais o agente opta ser ou não ser, fazer ou não fazer e agir ou não agir. Tal vulnerabilidade reflete na fé que pode se corromper, definhar, ser negada, abandonada ou se desvirtuar.
Noutro sentido, quando livremente reconhecemos e aceitamos os auxílios divinos para resistirmos às inclinações e circunstâncias que nos afastam da fé, não regredimos à infidelidade ou apostasia; pelo contrário, nos tornamos mais capazes de resisti-las.
Assim, "CONSERVA O QUE TENS." (Apocalipse 3. 11), porque se as tentações e obstáculos serão contínuos até o término da nossa jornada, também a fé há de ser cuidada até o fim.
Só podemos nos opor a esses obstáculos que nos afastam de Deus, na voluntária conservação da fé recebida:
"CONSERVANDO A FÉ E A BOA CONSCIÊNCIA QUE ALGUNS DESPREZAM, E, POR ISSO, FIZERAM NAUFRÁGIO NA FÉ." (I Timóteo 1, 19)
2 — Certamente que sem os auxílios de Deus nada podemos fazer. Todavia, ele concede esses auxílios (sacramentos, penitências, orações, caridade, dons, virtudes etc.), para que possamos correspondê-los e nos tornarmos partícipes da redenção. Se o ser humano desejou livremente pecar e se afastar da verdade, o plano de remissão seria imperfeito se dispensasse a vontade livre do pecador em desejar o retorno a bondade e a verdade: "PORQUE NÓS TEMOS NOS TORNADO PARTÍCIPES DE CRISTO, SE, DE FATO, GUARDARMOS FIRMES, ATÉ O FIM, A CONFIANÇA QUE DESDE O PRINCÍPIO TIVEMOS." (Hebreus 3, 14)
Por isso, é necessário que também permaneçamos em Deus para que Deus continue fazendo em nós sua morada:
"PERMANECEI EM MIM, E EU PERMANECEREI EM VÓS. (São João 15, 4)
"SÊ FIEL ATÉ A MORTE, E DAR-TE-EI A COROA DA VIDA." (Apocalipse 3, 10)
3 — Salvação ou condenação são juízos divinos sobre nossas vidas que não existem, senão, após a morte.
A perseverança é a virtude que nos conserva na fé, esperança e caridade até o fim de nossas vidas, para que não corramos o risco de sermos excluído da vida eterna.
As sagradas letras dizem que "AQUELE QUE PERSEVERAR ATÉ O FIM SERÁ SALVO" (São Mateus 24, 13); e não que "para perseverar é necessário que já estejamos salvos". Na parábola das dez virgens, Jesus usa a metáfora da lâmpada para se referir a fé e do óleo para se referir a perseverança como combustível dessa lâmpada:
"Então o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas. Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. As prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós. Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta." (São Mateus 25, 1-10)
Por isso, "[….] ENQUANTO EXISTE A PROMESSA DE ENTRAR EM SEU DESCANSO, TENHAMOS CUIDADO DE QUE NENHUM DE NÓS CORRA O RISCO DE SER EXCLUÍDO." (Hebreus 4,1)
4 — Podemos ter fé, mas ela pode não ser eficaz quando a negamos por nossos atos e nossa história de vida.
Podemos ter a caridade, mas esta pode não ser eficaz quando a praticamos por interesses egoísticos ou pura vaidade.
Neste sentido, ensinou Santo Tomás:
"[…] UM CONSTRUTOR PODE COMEÇAR A CONSTRUIR SEM ACABAR A CASA. POR ISSO, DEVEMOS CONCLUIR, QUE AS VEZES O NOME PERSEVERANÇA É EMPREGADO QUANDO SE TEM O HÁBITO DA PERSEVERANÇA, SE ESCOLHE PERSEVERAR E COMEÇA A AGIR, MAS NÃO ACABA, POR NÃO PERSISTIR ATÉ O FIM."
Assim também podemos ter a perseverança em certos momentos da vida, mas essa não ser eficaz porque não buscamos os auxílios divinos necessários a conservá-la até o fim.
Como ensinou Santo Tomás, grande conhecedor das obras agostinianas: "AGOSTINHO SE REFERE A PERSEVERANÇA, NÃO ENQUANTO DESIGNA UM ATO VIRTUOSO, MAS UM ATO VIRTUOSO CONTINUADO ATÉ O FIM, CONFORME DITO NAS ESCRITURAS: – O QUE PERSEVERAR ATÉ O FIM SERÁ SALVO – POIS SERIA CONTRA A ESSÊNCIA DA PERSEVERANÇA SE ELA PUDESSE SER PERDIDA, PORQUE ENTÃO DEIXARIA DE DURAR ATÉ O FIM." (Fonte Igreja Militante)
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