A)- Um ecumenismo que substituiu a conversão
dos dissidentes por um culto de interminável dialogismo, indutor de seu retorno
à verdadeira Igreja de Cristo. Os irmãos separados (ex-hereges e cismáticos de
vários tipos) são considerados membros legítimos de autênticas comunidades
eclesiais que podem coexistir em absoluta igualdade com a Igreja Católica.
Da mesma forma, as relações com as falsas
religiões são canalizadas pela imolação no altar do diálogo, resultando assim
na perfeita conformação de um supermercado religioso, em que a Verdade se
adquire com relativismo, que é a moeda de compra de seus produtos. Os infelizes
encontros de Assis testemunham esta realidade. (1)
B)- A inoculação ainda venenosa da dialética
marxista através da teologia da libertação e o mar de erros que emanam de seu
lado gramsciano. Já não se restringe a algum progressismo teológico em certas
áreas da América Central e do Sul marcadas por um enorme abismo de desigualdade
social, mas é pregado oficialmente a partir de certas organizações vaticanas
sob a supervisão direta do Sumo Pontífice.
Isso abre as portas de seminários,
universidades e escolas católicas para patrocinar essa ideologia desastrosa,
refugiando-se na sombra da deturpação oficial da teologia tradicional realizada
pela própria Santa Sé. (2)
C)- Sem dúvida, a hecatombe doutrinária
deixará suas conseqüências na moral e no comportamento cristão em geral.
Antigamente, na teologia moral, discutia-se atrito, contrição, probabilismo ou
tuciorismo. A estrita aplicação atual dessas doutrinas parece ter ficado
totalmente ultrapassada diante do enorme aparecimento de fenômenos não naturais
como os derivados da homossexualidade, do aborto ou da eutanásia, para citar os
mais tristemente conhecidos. Se acrescentarmos a isto a consistente ambiguidade
com que as mais altas autoridades eclesiásticas formulam as suas posições sobre
estas questões, não é de estranhar a flagrante confusão que pesa na consciência
dos cristãos.
O quadro geral é de partir o coração.
Encontramo-nos (como o próprio Papa Francisco afirmou muitas vezes), no
crepúsculo de um pontificado. No entanto, o último tango no Vaticano ainda não
foi executado. A intensificação dos neossínodos, uma provável nova restrição
(se não a definitiva) para a Missa Tradicional e a pletora de novos cardeais
nomeados, infelizmente nos fazem conjeturar uma marcada tendência de
continuidade independentemente de quem deve conduzir o barco de Pedro.
Precisamos assumir a verdadeira magnitude da
crise que atravessamos e o papel fundamental que o tradicionalismo deve
desempenhar, não fragmentado em pequenos guetos, mas unindo-se em comunidades
que atuem como autênticos faróis da ortodoxia em meio à escuridão reinante.