A invasão da Igreja Nossa Senhora do Rosário em Curitiba termina em pizza; estamos desprotegidos
Com repercussão no Brasil inteiro através da mídia com a divulgação do vídeo da invasão da Igreja Nossa Senhora do Rosário pelo vereador Renato Freitas (PT), esperava-se no mínimo uma atitude enérgica por parte das autoridades católicas, o que não ocorreu.
Em todo o país as pessoas ficaram indignadas, incluindo até mesmo não católicos, pois é a primeira vez que isso ocorre durante a Santa Missa. E se nada for feito isto pode se propagar. Sendo assim, nada mais justo do que uma enérgica resposta das autoridades católicas; isto é, do bispo e da própria CNBB.
Mas esta indignação ficou apenas entre as pessoas, pois o parecer do bispo Dom José Antonio Peruzzo, principal guardião da fé e das igrejas na região ficou muito a desejar. Tratou-se apenas de uma nota frouxa, "agua com açúcar" com aparente medo de ofender ou de chatear o agressor e o PT. O que deixa ainda mais indignados os católicos que tanto confiam em seus líderes.
O pior de tudo é que essa frouxidão pode incentivar novos ataques em outros lugares, pois se percebe a impunidade e a falta de firmeza em quem deveria defender com todas as forças a fé de milhares de brasileiros e o catolicismo.
O PT, como era de se esperar, relativizou o ocorrido como se não fosse nada. Entretanto, autoridades de Brasília, Anderson Gustavo Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública, enviou quarta feira dia 10, ofício ao governador Ratinho Junior onde solicita apuração do caso.
Esse tipo de agressão é inédita, pois não se tratou de um caso de vandalismo ao patrimônio como já aconteceu em várias igrejas pelo Brasil afora, mas sim de um ato contra o direito de culto, conforme está previsto na Constituição. Portanto algo muito mais grave.
Devemos lembrar com que zelo o Senhor Jesus se preocupou com o Templo de Jerusalém em seu tempo. É bem nítida e descrita a expulsão dos vendedores mesmo estes não estando exatamente dentro do templo.
E nós, que fazemos para defender nossas igrejas?
Para quem ainda acha que as autoridades religiosas locais defenderam a Igreja de forma severa e inequívoca, para que isto nunca mais voltasse a acontecer, aqui detalhamos o parecer morno e tranquilo do bispo:
"No dia 05 de fevereiro de 2022, em torno das 17.00hs, um grupo apresentou-se junto à porta da Igreja do Rosário, para protestar contra a violência havida no estado do Rio de Janeiro, cujo desdobramento final foi a morte de um cidadão congolês e, em outro caso, a morte de um brasileiro afrodescendente. Era no mesmo horário da celebração da missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos.
É verdade que a questão racial no Brasil ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos. Mas não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas.
Desde a sua primeira inauguração, em 1737, a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos sempre foi um lugar de veneração e de celebração da fé. Foram os escravos a edificá-la. Hoje, muitos afrodescendentes a visitam. E o fazem em grupos ou individualmente. Sempre primaram pelo profundo respeito, até mesmo quando não católicos.
Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou.
A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante a profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer "politizar", "partidarizar" ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele templo.
Curitiba, 07 de fevereiro de 2022.
Dom José Antonio Peruzzo
Arcebispo
Nota muito suave diante de um fato tão grave que requer mão forte e decidida diante da agressividade perpetrada não só contra aquela igreja em particular, mas sim, a toda a fé católica, pelo desrespeito e a todos os católicos. (Da Redação) Deixe seu comentário! Compartilhe!