A máxima importância dos Novísimos

Caros leitores, tendo escrito sobre o amor infinito que Deus tem por nós, agora é oportuno dedicar um artigo a outro assunto também de grande importância, ou seja, às verdades de nossa fé reveladas por Deus em relação ao que pode acontecer com as almas das pessoas após a morte. Observe que estou me referindo às almas das pessoas; de todos eles, sejam eles católicos ou não, e, portanto, se eles acreditam ou não no ensinamento da Igreja Católica sobre o Mais Novo. Também é necessário lembrar que um católico, seja ele qual for, deve professar a fé católica em sua totalidade e inviolação, e deve, portanto, acreditar no que a Igreja sempre ensinou sobre esse assunto, sem mutilação ou distorção. Devemos crer nas verdades da fé que são agradáveis, e também naquelas que não são tão agradáveis, para o bem de nossas almas.
Por Lina Veracruz
E por que devemos escrever sobre essa questão? Bem, porque, tanto quanto sei, no nosso tempo e durante anos, em geral, esta questão tem sido tratada muito pouco na vida da Igreja Católica (no InfoCatólica, no entanto, há vários bloggers que têm tratado esta questão com a seriedade e profundidade que merece, o que é muito apreciado). As verdades de fé sobre o juízo particular ao qual teremos que nos submeter após nossa morte, Céu, Inferno e Purgatório não foram ab-rogadas – não podem ser – pela Igreja. No entanto, é chocante que essas questões não sejam pregadas ou escritas, dada sua extrema gravidade. Na minha opinião, calar os Novísimos não implica uma atitude misericordiosa, antes pelo contrário. Se algum de nós estivesse em perigo muito sério, em que estivéssemos arriscando, por exemplo, nossas vidas, gostaríamos de ser avisados, a fim de tentar chegar em segurança. Bem, no que diz respeito aos Novísimos, não é que as pessoas estejam apenas arriscando essa vida ultrapassada; é que estamos jogando com nosso destino eterno, ou seja, sem fim e para sempre.
Bem, sendo assim, antes de tudo, deve-se lembrar que, como todos sabem, os seres humanos vão morrer. Não é que apenas os católicos vão morrer, é que todos nós vamos morrer. E imediatamente após a morte, todos nós, católicos ou não, compareceremos perante o Tribunal de Deus para sermos julgados sob a perspectiva dos ensinamentos e mandamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, com menção especial dos Dez Mandamentos da Lei de Deus, interpretados à luz do Magistério da Igreja Católica. Seja claro: seremos julgados à luz dos ensinamentos de Cristo e não de mais ninguém. Nenhum outro, por mais que tenha havido aqueles que, no passado, fundaram outras religiões, antes ou depois de Cristo. Nenhuma dessas pessoas nos julgará e elas, por sua vez, no momento de sua morte, terão prestado contas de suas vidas diante do Deus Triúno pregado por Jesus Cristo, como todos os outros. Com efeito, o Filho de Deus é um só, o mesmo ontem, hoje e sempre, de modo que «nenhum outro nome nos foi dado debaixo do céu, entre os homens, pelo qual devamos ser salvos» (Act 4, 12) e não há outro que, como Jesus Cristo, possa dizer: «Foi-me dado todo o poder no céu e na terra» (Mt 28, 12). 18).
E como se pode chegar a esse juízo particular após a morte? Muito simples: Na Graça de Deus. Graça que obtemos através do Sacramento do Batismo e que podemos perder depois, se cometermos um pecado mortal; nesse caso triste e dramático, devemos tentar recuperar a graça santificante o mais rápido possível, através do Sacramento da Penitência. Assim, uma vez que tenhamos comparecido perante o tribunal de Deus, o Senhor nos julgará imediatamente, sem possibilidade de apelação. O seu juízo será perfeito, inteiramente justo, e então «retribuirá a cada um segundo as suas obras» (Mt 16, 27-28). Vale a pena lembrar o que pode acontecer então. Existem apenas dois destinos eternos possíveis após a morte: o Céu e o Inferno. E há também um destino temporal, o Purgatório, que ajuda as almas que, morrendo na Graça de Deus, não estão em estado de perfeição suficiente para poder entrar imediatamente para desfrutar da visão de Deus, face a face, no Céu, para chegar ao Paraíso.
Sobre o Céu, uma das melhores definições que conheci, e certamente a que mais me impressionou, é a de São Paulo, na sua Primeira Carta aos Coríntios: «As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem ninguém veio ao mente de ninguém o que Deus preparou para aqueles que o amam» (1 Cor 2, 1, 9). A melhor definição de Céu é... o que é indefinível, paradoxalmente. No entanto, sabemos que, no Céu, a união com Deus de cada alma será perfeita. Cada Santo, no Céu, contemplará Deus face a face e sua alma alcançará o ápice de toda a felicidade e amor de Deus que ela pode abranger. Da mesma forma, no Céu, a Vontade de Deus se cumpre de forma perfeita e esta é precisamente a fonte da maior felicidade dos Santos no Paraíso; pois lá, os santos, amando a Deus plenamente, desejam que Deus desfrute e receba a maior glória e, ao mesmo tempo, vejam esse desejo plenamente realizado, o que os torna imensamente felizes. Isso é ensinado por Santo Afonso de Ligório, em um livro maravilhoso chamado "Prática do amor a Jesus Cristo", que recomendo a leitura a todos. Seria maravilhoso se as pessoas fossem informadas sobre o Céu com frequência. Aos católicos e aos que não o são. No entanto, como eu disse antes, até onde eu sei, dificilmente é feito. Infelizmente.
Por outro lado, o Purgatório, como indiquei acima, ajuda as almas que morrem na Graça, mas sem poder ir imediatamente para o Céu, para alcançá-lo. Para que as almas sejam purificadas, é necessário que sofram; pois o sofrimento nos purifica de nossos pecados, aumentando o mérito da alma. E o sofrimento que é suportado no Purgatório, queridos leitores, não é brincadeira. Dependendo da gravidade das imperfeições que os pecados – mortais e perdoados por Deus durante a vida da pessoa ou pecados veniais – deixaram na alma, maior ou menor será o sofrimento da pessoa no Purgatório e sua duração. Por isso, parece-me dramático que, em nosso tempo, em muitos funerais seja dado como certo que o falecido foi salvo e está no céu. Chegar ao Céu não é fácil, como explica Nosso Senhor no Evangelho, falando, por exemplo, do caminho estreito, da porta estreita e apontando que o Reino dos Céus é obtido pela força viva e que são os trabalhadores que o arrebatam. Compreendo que, nos funerais, há um desejo de consolar a família e aliviar a sua preocupação com o destino eterno do parente falecido. No entanto, francamente: você não faz nenhum favor aos mortos presumindo que eles entraram no céu imediatamente após sua morte. O que deve ser feito é orar por eles, colocando suas almas nas mãos de Deus e de sua Mãe Santíssima e implorando a infinita Misericórdia do Senhor para a pessoa falecida. Pelo menos, é o que quero que seja feito por mim quando minha morte ocorrer, no momento que Deus determinou (é altamente recomendável, acima de tudo, que a Santa Missa seja oferecida pelo falecido e, além disso, várias vezes). E estou bem ciente de que o Purgatório é mais um exemplo da bondade e do amor de Deus, porque é graças ao Purgatório que muitas almas poderão entrar, um dia, no Céu.
Finalmente, o outro destino eterno já mencionado é o Inferno. Jesus Cristo pregou sobre isso com frequência, com imagens impressionantes: Fogo que não se apaga, choro e ranger de dentes, verme que não morre, trevas exteriores... Algumas imagens terríveis que vários Santos corroboraram, através das visões que tiveram do Inferno, em vida (testemunhando assim, não só que o Inferno existe, mas também que não está vazio): Santa Teresa de Jesus, São João Bosco e os Santos Pastorinhos de Fátima, para citar três exemplos. Permita-me ser muito franco novamente: não para pregar sobre o inferno, para não alertar as pessoas sobre uma possibilidade tão assustadora, ouso dizer que é um erro pastoral da mais alta ordem por parte daqueles ministros da Igreja que procedem assim e que, em nosso tempo, infelizmente são muitos; e, pior ainda, implica mutilar seriamente o Evangelho. Pois, como rezamos no Credo, Jesus Cristo desceu do céu, fez-se homem e sofreu sua terrível paixão e morte precisamente para nos salvar, ou seja, para nos libertar do inferno e nos levar para o céu. Não é de surpreender, então, que o Senhor, movido por Seu imenso amor por nós, pregasse sobre o Inferno com frequência. Mas o Senhor não vai nos forçar a nos salvar, queridos leitores; como Santo Agostinho expressou magistralmente: "Deus, que te criou sem ti, não te salvará sem ti". Devemos, portanto, colaborar com a Graça de Deus, para obter nossa salvação.
Por fim, atrevo-me a dirigir um apelo filial aos Ministros da Igreja: Queridos Pastores da Igreja, tende piedade, peço-vos, das almas, e pregai frequentemente sobre o Mais Novo...! Esta é uma das maiores demonstrações de misericórdia para com as pessoas com as quais você pode lidar. A salvação das almas é o grande desejo que consome o Sacratíssimo Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo e essa salvação é obtida para as almas através dos Sacramentos, sim, mas também dizendo a verdade às pessoas, seja ela fácil ou difícil de ouvir. Tal é a grande missão da Santa Igreja Católica: a salvação e a santificação das almas, para que se unam a Deus no Céu.
Que Deus nos ajude a todos a dar testemunho da Verdade diante do mundo. De toda a Verdade que nos foi revelada em Jesus Cristo. Se Deus quiser. (Fonte: INFOCATOLICA)