Quando os espanhóis, liderados por Hernán Cortês, desembarcaram no México em 1519, iniciando sua famosa conquista, eles encontraram altares com estátuas de divindades pagãs em todas as tribos. Após conquistar os indígenas pela astúcia, pela diplomacia ou pelo uso legítimo da força, Cortês mandava derrubar e destruir os ídolos e os substituía por uma imagem de Nossa Senhora com seu Divino Filho nos braços. "Bravo!", dizemos nós, católicos.
Por Paulo Henrique Américo de Araújo
Contudo, alguém influenciado pela "legenda negra" sobre a conquista da América[1] poderia qualificar a atitude do conquistador espanhol como hipocrisia ridícula. "Que diferença faz trocar uma estátua por outra? Tudo não passa de superstição!", diria tal crítico.
Encontrei uma resposta bastante sagaz a essa acusação no livro Henán Cortês, de Salvador de Madariaga[2]. Diz o autor que até mesmo os incontáveis céticos e descrentes de nossos dias teriam que reconhecer a utilidade pedagógica daquela substituição de imagens feita pelos conquistadores. Não há necessidade de crer na religião católica para chegar a tal conclusão. Os sacrifícios humanos oferecidos aos ídolos figuravam como prática corriqueira entre os habitantes da América Central no início do século XVI. A estátua do deus violento, ávido de sangue, cedeu lugar à imagem de ternura da mãe pelo seu filho. Como não ver aí o impulso para uma grande mudança de mentalidade? A selvageria e a barbárie pagãs suplantadas pela bondade e a caridade cristãs.
Destroem imagens católicas e erigem as demoníacas
Pouco mais de 500 anos se passaram e vemos hoje um estarrecedor fenômeno invertendo aquela pedagogia. E as consequências dessa inversão se fazem notar. Agora, presépios com a Sagrada Família são frequentemente boicotados, quando não explicitamente proibidos[3]. A desculpa para tanto é afirmar que símbolos cristãos excluem as outras religiões! Estátuas dos santos são derrubadas e vandalizadas pelo movimento "woke"[4]. Igrejas são incendiadas e destruídas com o aplauso dos esquerdistas, como aconteceu recentemente em Santiago do Chile[5].
Ao mesmo tempo que o Deus Menino nos braços de sua doce Mãe, Maria Santíssima, e os santos católicos vão sendo vilipendiados, postos de lado e expulsos, os ídolos pagãos retornam com pompa e gala infernais. As estátuas do demônio "baphomet" passaram a ser erigidas em inúmeros locais públicos[6]. O fenômeno que se iniciou nos Estados Unidos agora aparece no Brasil. Em Alvorada, região metropolitana de Porto Alegre (RS), uma "mãe de santo" resolveu exibir na fachada de sua casa uma dessas infames esculturas, causando estranheza na vizinhança[7].
Como não mencionar, ademais, o espetáculo dantesco repetido em todos os carnavais brasileiros: carros alegóricos, ostentando ídolos satânicos no meio do sincretismo incoerente e desavergonhado.
Quanto à violência gratuita e aos sacrifícios humanos disseminados na América pré-colombiana? Dir-se-ia que não existem neste século que volta ao paganismo. Quão fácil é demonstrar o contrário… O que é a prática do aborto senão um tipo mal disfarçado de sacrifício humano oferecido aos ídolos do liberalismo, do feminismo e do desregramento sexual? E como que não satisfeito, o deus neopagão moderno derrama o sangue de bebês já nascidos, assim como o fazia na época do império asteca. O nome atualizado do sacrifício de crianças é "aborto pós-nascimento"[8].
Derrubar os ídolos neopagãos no mundo moderno
A atual selvageria neopagã também faz ressurgir aos poucos a prática grotesca do canibalismo[9], tão disseminado na América antes dos descobrimentos. É bem verdade que esse crime tem ainda pouca recorrência, mas quantos já o consideram sem a devida repulsa e com isso preparam sua futura aceitação.
Nosso mundo derrapa para a autodestruição, assim como as antigas tribos americanas se autodestruíam quando da chegada dos conquistadores. Os cronistas relatam como os astecas subjugavam e maltratavam as populações da região, exigindo vítimas para sacrifícios humanos em massa, jovens escravas para satisfazerem seus baixos instintos e outras iniquidades. O que são os hoje corriqueiros ataques terroristas, violência urbana descontrolada, assassinatos gratuitos em escolas, senão exemplos flagrantes do suicídio deste nosso mundo ex-civilizado?
O fim do atual século neopagão é inevitavelmente a morte. Eis a consequência do abandono do catolicismo. Abandono cujo símbolo expressivo encontra-se na imagem da Virgem e do Menino Deus sendo substituída pelos ídolos modernos.
Entretanto, a esperança desponta no horizonte. A promessa de Nossa Senhora feita em Fátima nos leva a concluir que outros "conquistadores", isto é, católicos fiéis, virão. Os astecas teriam desaparecido por si mesmos se os católicos não tivessem vindo à América. Os mexicanos de então chamavam os espanhóis de "filhos do sol", porque seus navios vinham do Leste, onde sol nasce. Virão outros "Corteses", outros filhos do "Sol da Justiça", que é Nosso Senhor Jesus Cristo, para derrubar os ídolos neopagãos.
Rezo para que o estimado leitor e eu façamos parte do número dos que colocarão de novo a Virgem e o Menino sobre o altar pagão do mundo moderno, calcando-o aos pés definitivamente. Será o triunfo da Mãe, do Filho e da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, sem a qual nenhuma civilização pode perdurar longamente.(Fonte: Agência Boa Imprensa)