Jovem saudita, iluminado pelo Divino Espírito Santo, encontra a verdadeira religião em meio às maiores contradições.
"Enviai o vosso Espírito e tudo será criado: e renovareis a face da Terra", diz a liturgia. A ação do Divino Espírito estende-se por todo o universo, iluminando os católicos para que progridam na fé, e aos não católicos para que se convertam. Para que Ele atue, basta que estejam abertos à sua ação, ou não lhe oponham obstáculos.
Essa ação do Espírito Santo na alma dos não católicos sinceramente desejosos de conhecer a verdade e amar a Deus como Ele quer ser amado, isto é, unindo-se à Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, produz maravilhosas conversões, mesmo nos lugares mais impensáveis, como em países muçulmanos, onde impera a perseguição aos cristãos.
Por exemplo, sabemos que a Arábia Saudita proíbe, sob a pena de morte, abandonar o Islã. Apesar disso, "um estudo de 2015 estima que 60 mil muçulmanos se converteram ao cristianismo nesse país".(1)
Não é, pois, difícil conceber o grau de coragem e abnegação que alguém de lá necessita para se converter. Ademais, educado desde pequeno na religião islamita, aprende a ver qualquer outra religião como "obra do diabo".
Tudo isso torna mais impressionante o relato da conversão à fé católica de um jovem saudita, Miguel A. (não se dá o sobrenome para evitar perseguições), conforme ele relata no Catholic-convert.com, de onde extraímos os dados para este artigo. (2)
Alma reta e coerente, Miguel, assistido pela graça, soube separar o joio do trigo, e distinguir a verdade do erro, não se deixando levar pelos que lhe sugeriam falsas alternativas para a sua fé.
"Razões pelas quais o Islã é uma falsa religião"
Ele inicia seu relato confessando: "Quando pensei em escrever meu testemunho, muitas coisas vieram-me à mente. Deveria escrever para partilhar minha fé católica e cristã com outros? Deveria acrescentar mais razões que ajudarão outros a se converter, e a ver a luz da verdade e as trevas dos falsos ensinamentos? […] posso apresentar-lhes mais razões sobre por que o Islã é uma falsa religião?".
Miguel cresceu na Arábia Saudita, numa família muçulmana sunita não praticante. Segundo ele, no colégio, desde pequeno "me foram ensinadas muitas coisas [falsas] sobre o cristianismo, que por muitos anos me impediram de ver a verdade da mensagem cristã". "O Alcorão, a teologia islâmica, o direito islâmico, ditos de Maomé etc., era no que devíamos crer e as verdades que nos ensinavam".
"Quando Jesus voltar, quero estar em seu Exército"
Um dia, ainda menino, Miguel ouviu na mesquita um pregador falar sobre o fim do mundo e a guerra que haveria então entre o bem e o mal. O imã afirmou que então Isá (Jesus) voltará e reunirá os verdadeiros crentes em um Exército.
Ora, Miguel tinha muito medo do inferno, e ainda mais porque havia se descuidado das práticas islâmicas. "Desse modo, eu comecei a rezar [as cinco preces estipuladas pelo Islã], e finalizei essa experiência religiosa com uma prece a Deus, na qual eu pedia que, quando Jesus voltar, eu quero estar em seu Exército (e penso que a isso Deus respondeu muitos anos depois)".
Primeiras interrogações sobre o islamismo
Aos 17 anos, seu pai o enviou aos Estados Unidos para estudar inglês. Miguel ficou hospedado durante seis meses com uma família católica, mas não se deixou influenciar por ela. Entretanto, comparou a liberdade que havia ali para a conversão ao cristianismo, e que não havia em seu país.
Em 2008 ele voltou à Arábia Saudita. No ano seguinte, conversando com amigos sobre a morte de um "infiel" — como consideram os que não são muçulmanos —, disse-lhes: "Que Deus tenha a sua alma". Isso provocou um escândalo, pois os muçulmanos não devem rezar pelos "infiéis". "Eu lhes disse que isso era uma coisa entre eu e Deus, e que não podia entender por que eles se sentiram tão ofendidos". Mas depois constatou que isso é proibido pelo Alcorão. "Tudo isso me deixou com uma interrogação na cabeça, uma vez que sempre senti no coração que Deus é amor e bondade. […] Pela primeira vez em minha vida, comecei a ousar examinar minhas crenças com ceticismo".
Miguel começou a encontrar divergências e contradições entre os próprios seguidores do Islã e do Alcorão, que se dividem em diversas seitas que brigam entre si.
"O Espírito Santo estava me levando a olhar para Jesus"
Miguel comenta que, "quando estava procurando a verdade sobre o Islã, outra opção que eu não tinha considerado tornou-se atraente. Repentinamente, eu comecei a procurar [na Internet] pelo nome de JESUS CRISTO. Eu nunca quis investigar o cristianismo, uma vez que sempre o tive como uma religião corrupta e politeísta. Mas o Espírito Santo estava levando-me a olhar por Jesus, e assisti a vídeos e testemunhos no Youtube sobre muçulmanos que aceitaram a Cristo como seu Senhor e Salvador".
Entretanto, por causa de seus preconceitos contra o cristianismo, pensou que o que via na Internet não passava de manipulação, de mera propaganda cinematográfica para atrair muçulmanos para o cristianismo.
Entretanto, uma frase o impactou: "Deus deixou sua glória celeste e tomou a carne humana em Jesus, e morreu na Cruz para nos salvar com seu sangue". A razão do impacto sofrido foi o fato de que "as crianças sauditas sabem que os cristãos adoram a Jesus como um Deus, mas a ideia da Encarnação, de que o único e poderoso Deus se havia feito homem e havia morrido para salvar a cada um… era uma novidade, era inaudito" para ele.
Essa revelação semeou salutares dúvidas em seu espírito. Como planejava voltar aos Estados Unidos, diz ele, "pedi então a Deus, em meu coração, que permitisse essa viagem, de modo a me sentir livre quando eu O buscasse".
Aumenta sua sede de verdade
Tendo voltado aos Estados Unidos, agora como universitário, influenciado pelo ambiente, foi aos poucos perdendo suas preocupações religiosas e entregando-se à vida de prazer.
Entretanto, a graça continuava falando em sua alma, sempre com mais intensidade. Assim, ao cabo de alguns meses de vida mundana, começou a sentir novamente um vazio na alma, e sede de encontrar finalmente a verdade.
Entrou então em alguns fóruns de jovens cristãos na Internet, com o pseudônimo de "Árabe perdido", e começou a fazer perguntas sobre a fé, tanto a católicos quanto a protestantes.
Um correspondente católico lhe sugeriu então que pedisse a Deus que lhe provasse que Jesus é seu Filho. "Eu pedi a Deus, e lhe disse que estava perdido; e se Jesus era seu Filho, que Ele m'o provasse. Desde que fiz essa oração, experimentei um profundo amor a Cristo". Era a graça falando à sua alma e convidando-o à conversão.
Mas pesavam ainda sua formação islâmica e os preconceitos contra o cristianismo. Além do mais, por essa ocasião assistiu o blasfemo filme, O Código da Vince, que lhe provocou ainda nova repulsa por Nosso Senhor.
Uma experiência sobrenatural
A graça, entretanto, continuava a persegui-lo. Nesse ano de 2010, então com 21 anos, ele encontrou uma estampa de São Miguel Arcanjo derrotando o demônio, que o intrigou e o levou a procurar saber mais sobre ele. "Depois de investigar e ler sobre ele por vários dias, fiz uma estranha prece: pedi ao Todo-Poderoso que me ajudasse a encontrar a verdade, enviando-me este anjo para guiar-me. Quando acabei a oração, senti que algo tocava minha mente e meu coração. Uma voz interior me dizia que Jesus era a Verdade, e me pedia que O aceitasse. Devo considerar essa uma experiência sobrenatural, uma vez que nunca tinha experimentado algo semelhante em minha vida. […] A voz que me chamou a Jesus queimava minha alma, e pôs em meu coração o amor de Cristo. O nome de Jesus Cristo era tão sagrado para mim, que surgiu em minha alma uma chama de adoração para com Ele. De tal modo, que fiquei três dias sem poder dormir.