As três maneiras de amar a Deus segundo Santa Catarina de Sena
Santa Catarina de Sena, nasceu em 1347 na cidade de Siena, na Itália. Além de uma vida santa, na Ordem Terceira de São Domingos, a Santa recebeu do Senhor a missão de dirigir-se com sabedoria divina, a papas, bispos, governantes e todos os cristãos através de cartas.
Estas cartas, mais de 380, que chegaram até nossos dias. Refletem sua época marcada por conflitos eclesiais, civis e familiares, mas a base principal é o amor a Deus e guia das almas na busca da salvação.
Em sua carta catalogada como 'Carta 94', dirigida a Frei Mateus Tolomei, um dominicano que era também de Siena, a santa explica com clareza os três tipos de relacionamento ou estado, que a alma tem com Deus; o servo, o amigo e o filho.
O Servo é aquele que obedece a Deus mais por medo dos castigos. O amigo é aquele que segue os preceitos de Deus por interesses como bens espirituais e temporais e finalmente o filho é aquele que segue o Senhor por amor, para a glória e o louvor de Seu nome.
Eis o que diz a Santa em sua carta:
"É verdade que Deus ama uma pessoa como filho, outra como amigo, outra como servo, outros - os pecadores, privados da graça como alguém que dele se afastou e que ele quer que retorne. Mas a estes, os pecadores, como Deus mostra seu amor de Pai? Concedendo-lhes o tempo de viver. É na existência que Deus põe muitos acontecimentos, para que os pecadores se arrependam. Afasta as pessoas de certos lugares e cargos, para que não consigam fazer o mal que pretendem. Ou usa outras maneiras, para que desprezem o vício e amem a virtude, afastando suas vontades do pecado. Assim, através do tempo de vida que Deus lhes dá por amor, inimigos de Deus se tornam seus amigos, recebem a graça, tornam-se aptos a receber a herança do Pai. "
O que diz a Santa sobre os filhos de Deus:
"Esses "filhos" de Deus não se comportam como as pessoas do segundo estado (da vida espiritual), ou seja, como os "amigos" e os "servos", que às vezes amam a Deus por interesses pessoais. Desejosos de progredir, atingem grande amizade com Deus, conscientes das próprias necessidades e da beneficência divina, que pode e quer ajudá-los. No inicio, o "filho" era "servo", ciente dos seus defeitos e das consequências más. Por medo de castigos, afastara-se do vício e por amor praticara a virtude. Assim começava a "servir" a Deus, que antes ofendera. Ao compreender que Deus não quer a morte do pecador, mas que ele se converta e viva, começara a confiar na bondade divina. Se permanecesse apenas no medo dos castigos, não alcançaria a vida, nem obteria a graça perfeita do Senhor. Seria apenas um mercenário. Mas, ao se tornar "amigo" de Deus, também não pode limitar-se ao desejo do prêmio das consolações divinas. Não seria um amor forte e desapareceria ao perder as consolações e o prazer da mente, ou quando surgissem perseguições ou tentações do demônio. Logo cairia na tentação do demônio ou da carne. Cairia nos escrúpulos por falta de prazer espiritual e se impacientaria diante das injúrias das pessoas. "
Diz ainda sobre os filhos de Deus:
"Afinal, estes imitam o comportamento de Deus Pai, sendo felizes em amar o próximo; amam os servidores de Deus por causa do amor que demonstram ao Criador; amam os imperfeitos, com desejo santo e oram para que se tornem perfeitos; amam os que jazem no pecado mortal, porque são pessoas humanas, criadas por Deus e também remidas pelo único e mesmo sangue. Para salvar os pecadores, dariam a própria vida corporal. Amam aqueles que os perseguem, criticam, condenam e desprezam, porque são criaturas de Deus e instrumentos de progresso na virtude e aperfeiçoamento na caridade. Sobretudo tais pessoas as ajudam a progredir na paciência, doce virtude que não se escandaliza, não se abala, não desanima por causa de contrariedades e perturbações humanas. Essas pessoas procuram a Deus diretamente, como filhos muito amados. E Deus os ama como Pai: Revela-lhes o segredo do seu amor, para que alcancem a herança eterna. Por isso eles correm como que inebriados pelo sangue de Cristo, incendiados na chama da caridade divina, perfeitamente iluminados. Não trilham os seus caminhos, mas o caminho de Cristo crucificado. Ainda que lhes fosse possível adquirir as virtudes sem sofrimento, não aceitariam."
Em nossos dias há muitas almas que nem sequer estão no estado de "servo", ou seja obedecem por temor a Deus. Simplesmente não obedecem, não creem em Deus, outros porque mesmo crendo, deixam Deus esquecido e não lhe tem o menor temor.
Há muitos, como diz a Santa. que agem como mercenários; obedecem e seguem de alguma forma os mandamentos divinos em troca de alguma coisa. De toda maneira são estágios pelos quais as almas passam. Mas felizes daquelas que chegarem a "filhos" de Deus. Já não agem por medo ou interesses, mas por puro amor a Deus que é a finalidade para a qual nascemos; "para amar e servir a Deus". (Redação: "Vida e Fé Católica").