Atos Espirituais: Oração, Jejum e Esmola

15/02/2024

Toda a tradição cristã enfatizou o valor penitencial da oração, da esmola e do jejum.

Por Pedro Trevijano Etcheverria

Toda a tradição cristã enfatizou o valor penitencial da oração, da esmola e do jejum. Já no Antigo Testamento lemos: "A oração sincera é louvável, e a esmola feita em retidão vale mais do que a riqueza obtida na injustiça. A esmola liberta da morte e purifica de todo pecado. Aqueles que dão esmola e são honestos receberão uma vida superabundante" (Tob 12:8-9), pois a Bíblia e a Tradição sempre viram a oração, a esmola e o jejum como atos de grande valor penitencial.

O valor penitencial da oração é constantemente mencionado na Sagrada Escritura. Na oração que Jesus nos ensinou, pedimos ao Pai que nos perdoe os nossos pecados (Mt 6, 12). É importante ter em mente que o Senhor nos faz rezar no plural, indicando-nos claramente que a intenção e a eficácia da oração penitencial do cristão não se reduz ao nível da relação pessoal com Deus, mas também olha para as necessidades de nossos irmãos e irmãs. Jesus também nos mostra a eficácia do humilde pedido de perdão (Lc 18,13-14), oração que pode nos trazer a graça da contrição perfeita que restaura a amizade entre Deus e o pecador.

Uma das principais formas de oração é ouvir a Palavra de Deus. Ler ou ouvir a Palavra de Deus não só leva ao aprofundamento da nossa fé, mas também leva ao perdão dos pecados menores por Deus, como sabe a liturgia, na qual o sacerdote diz depois de ler o Evangelho: "Per evangelica dicta, deleantur nostra delicta". Isso, é claro, não deve ser entendido como se através da leitura das Escrituras os pecados fossem automaticamente perdoados magicamente, mas significa que Deus perdoa os pecados porque o homem ouve Sua Palavra com fé e a deixa chegar ao seu coração, respondendo nossas ações a esta Palavra. Quem ouve esta palavra de graça e a aceita, obtém o perdão de sua culpa diante de Deus.

As Escrituras nos ensinam o valor da oração dos justos pelo perdão dos pecados. Isto é o que Abraão ora por Abimeleque (Gn 20:17), e mesmo antes disso ele tenta, embora seja otimista demais sobre o número de justos, interceder por Sodoma e Gomorra (Gn 18:23-32). Moisés tem um valor especial como intercessor de seu povo infiel: assim ele implora a Deus que perdoe Arão e Maria (Nm 12:13), ou o povo que adora o bezerro de ouro (Êx 32:11-14), ou murmura sobre a orientação divina (Nm 21:7).

No Novo Testamento, a Epístola aos Hebreus apresenta Jesus como o grande sacerdote intercessor por seu povo (Hb 4:14; 7:25). Também encontramos esta intercessão nos escritos joaninos (Jo 16, 26; 1 Jo 2, 1), enquanto Mc 9, 29 sublinha o valor da oração, quando declara que certos demónios só podem ser expulsos pela oração. O valor da oração intercessória dos justos é enfatizado em Mt 18,19-20 e Tiago 5,16.

O jejum é pouco apreciado pelo homem ocidental de hoje, pois muitas vezes o considera prejudicial à saúde e não está muito convencido de sua utilidade para a vida espiritual. Pelo contrário, a Sagrada Escritura, especialmente o Antigo Testamento, coloca-a ao lado da oração e da esmola como prática penitencial (cf. 1 Reis 21, 27; Dn 9:3-5; Mt 6,16-18), e até Jesus fala aos seus discípulos de uma classe de demônios que só podem ser expulsos pelo jejum e pela oração (Mt 17,21).

O jejum é um gesto religioso que destaca nossa dependência de Deus e nossa entrega em Suas mãos. O livro de Jonas nos mostra seu valor penitencial, sendo também um meio eficaz de progresso espiritual, enquanto o ascetismo enfatiza que o jejum ajuda o homem a controlar suas paixões e a lutar contra o pecado.

O ascetismo cristão é essencialmente uma disciplina da vida interior, que pode envolver exercícios corporais como o jejum. São Paulo considera o ascetismo como uma luta esportiva para alcançar uma coroa incorruptível (1 Cor 9,24-25). A mortificação e a penitência diferem em sua finalidade: a mortificação busca o autocontrole e o autocontrole, especialmente diante de tendências desordenadas; A penitência tenta expiar o pecado pessoal e suas consequências. Jejuar para se controlar é mortificação, jejuar para expiar é penitência.

A mortificação não é feita como autopunição, mas para fortalecer o amor de Deus e obter a verdadeira liberdade espiritual, impondo voluntariamente limites ao gozo das instalações externas. A penitência não é a destruição da pessoa, mas a promoção e realização da pessoa no melhor sentido. As irregularidades de nossa conduta, os defeitos de nosso caráter e as falhas de nossa natureza não podem ser corrigidos sem a virtude da penitência, e tanto isso quanto a mortificação nos ajudam a ser mais livres, a comandar mais e melhor em nós mesmos.

Quanto à esmola, a mera materialidade da obra não move Deus, sem o qual nada podemos fazer. Ele é movido pelo que está dentro da obra, isto é, pela intenção correta que expressa (Mt 6,3-4; Lc 11,4). A melhor esmola é dar os bens que reservamos para nós mesmos com mais esforço, que para muitos pode não ser dinheiro, mas o nosso tempo. Não dar o nosso tempo ao próximo e a Deus, juntamente com a libertinagem, são talvez os maiores vícios da atualidade.

A esmola neutraliza o egoísmo pecaminoso e, assim, nos prepara para receber as graças que Deus quer nos dar. Os atos materiais não nos purificam diretamente, mas, por causa da unidade da pessoa, servem à vida do espírito e lhe dão sua ajuda, porque é na vida interior que reside a relação com Deus e onde se realiza a verdadeira purificação, a meta da penitência. (Fonte: InfoCatolica)

A impressão de que tudo está se precipitando é generalizada. Não será dizer que o Vaticano é uma situação financeira muito ruim, e o pontificado do Papa Francisco não apenas não apenas não resolveu os problemas que já estavam sendo vistos chegando, mas também os aumentou. Não será para dizer isso, não será porque o Papa Francisco não sabia...