Acho muito compreensível a preocupação e a pergunta que D. Jaime Gurpegui se faz em seu artigo de 10 de março intitulado "Cardeais sem fé: quem elegerá o próximo Papa?".
Bispo suíço: "É impressionante que a Igreja sinodal fale muito pouco de Jesus Cristo"

O bispo suíço Marian Eleganti publicou um artigo crítico sobre a direção que a Igreja Católica tomou no blog Stilum Curiae, de Marco Tosatti, concentrando sua análise no que ele vê como uma perda de foco em Jesus Cristo dentro do conceito de sinodalidade e discurso oficial.
Eleganti começa enfatizando que a sinodalidade, entendida como consulta e escuta mútua, é algo positivo e natural. No entanto, esclarece que sua preocupação vai além: "A Igreja em nossos dias não se comporta como uma esposa apaixonada por Jesus Cristo", lamenta o prelado.
O bispo ressalta que a Igreja moderna está muito focada em ser inclusiva, flexível e fluida, deixando de lado as verdades essenciais do Evangelho. Segundo ele, a sinodalidade, promovida como uma nova abertura, colocou ênfase em questões como organização interna, estruturas hierárquicas e ferramentas espirituais, em vez de na mensagem de salvação por meio de Jesus Cristo. "A Igreja sinodal fala muito pouco sobre Jesus Cristo, mas fala muito sobre todos os tipos de coisas (outras coisas)", critica.
Fluidez como marca registrada
Em seu artigo, Eleganti questiona a perspectiva de uma Igreja que parece relativizar as verdades da fé para ser mais inclusiva. Segundo ele, essa abordagem dilui o caráter absoluto de Jesus Cristo como o único caminho de salvação. "Eles [as pessoas] são mostrados prometendo-lhes incondicionalmente a salvação, não importa como vivam ou no que acreditem", denuncia o bispo.
Também questiona a convicção de alguns ministros sobre a divindade de Cristo e seu caráter universal. "Muitas vezes duvido que essas pessoas batizadas e muitas vezes aqueles que são ministros na Igreja estejam realmente profundamente convencidos da divindade de Jesus Cristo", escreve ele, enfatizando que os fundamentos do cristianismo parecem ter sido diluídos em favor de mensagens que são mais fáceis de digerir pastoral e socialmente.
Um jogo sem a carta vencedora
Eleganti usa uma metáfora para ilustrar seu ponto: a Igreja está perdendo o "jogo" porque parou de jogar sua carta vencedora, que é Jesus Cristo. "A Igreja de hoje não joga mais a carta vencedora e leva todos à mesa", lamenta. Em sua opinião, a ênfase na manutenção do diálogo inter-religioso e na inclusão levou a Igreja a negociar as regras de fé em detrimento de sua mensagem central.
O bispo suíço conclui sua reflexão com um chamado a voltar ao âmago do cristianismo: "Ninguém vem ao Pai senão por mim!"
Por fim, Eleganti convida os fiéis e os líderes da Igreja a redescobrir o Catecismo da Igreja Católica, promulgado em 1992, como um guia para reorientar Cristo. Para ele, a situação atual exige uma correção urgente: "Apocalipse agora", adverte, aludindo ao impacto que essa tendência pode ter na fé e na missão da Igreja.
O artigo do bispo reflete uma profunda preocupação com a direção que a Igreja tomou no contexto da sinodalidade, levantando um apelo à reflexão sobre sua mensagem e missão fundamentais. (Fonte: INFOVATICANA)
O próximo conclave está se aproximando e com ele a questão fundamental: quem elegerá o próximo papa? É uma pergunta que vai além dos perfis pessoais ou das afinidades pastorais. É algo mais radical: todos os cardeais que votarão no conclave são realmente católicos?
