Carta de Santa Catarina de Sena com mais de 700 anos descreve os governantes de sua época como se fossem os de nosso tempo
Em 1368 a república de Sena, (Itália) a cidade de Santa Catarina, é governada por uma junta de 15 defensores do povo, tendo como governante o chamado 'Capitão' do povo. Essa junta promove falsas acusações contra a Santa e outros servos de Deus.
Assim, a Santa escreve uma carta em sua defesa e fala exatamente como são estes governantes e como deveriam ser. Esta carta que é catalogada como a 121, embora tenha como destinatários os governantes de sua época, é o puro retrato de nossa época. É atualíssima, como se a Santa estive escrevendo em nossos dias e para nossos governantes. Em suas palavras se identificam muito claramente os governantes de nosso tempo, e assim percebemos o porquê de muitas coisas estarem totalmente erradas com a política atual.
Eis as palavras da Santa:
"Em nome de Jesus Cristo crucificado e da amável Maria, caríssimos senhores, no doce Cristo Jesus, eu, Catarina, serva e escrava dos servos de Jesus Cristo, vos escrevo no seu precioso sangue, desejosa de vos ver como governantes bons, de coração forte, donos da própria sensualidade e imitadores do nosso Criador.
Não sendo assim, vós não podereis desempenhar com justiça a função de governar, que Deus gratuitamente vos concedeu. A quem governa outras pessoas, convém antes governar a si mesmo. Como poderia um cego enxergar e guiar outra pessoa? Como poderia um morto sepultar outro morto? Um doente cuidar de um enfermo? Um pobre ajudar outro pobre? Impossível!
Caríssimos senhores. Uma pessoa cega de pensamento entenebrecido pelo pecado mortal não conhece a si mesma, nem conhece a Deus. E dificilmente conseguirá corrigir o defeito do súdito. Se o fizer, será no escuro e na imperfeição que carrega dentro de si. Muitas vezes vi e vejo pessoas punirem culpas inexistentes por falta de conhecimento, e não castigarem pessoas que mereceriam mil mortes. A falta de conhecimento impede a pessoa de discernir a verdade e, por isso, calunia-se a quem é inocente e levantam-se suspeitas de pessoas nas quais se deve confiar.
É o que acontece com os servidores de Deus, que derramam lágrimas e suores, fazem oração perene e santa enfrentam perigos, dificuldades e tormentos para a Glória de Deus e a salvação do mundo inteiro. E em sentido contrário, acredita-se em pessoas de egoísmo enraizado, dispostas a seguir todo o vento que passa. Tais atitudes acontecem por causa da pouca luz interior e por causa da tenebrosa presença do pecado.
Todo governante deve viver santamente
Disse acima que um morto não pode sepultar um cadáver. Referia-me à pessoa morta pela ausência da graça divina, à pessoa sem ousadia, sem vigor para corrgir os defeitos alheios, porque possui os mesmos defeitos. Ela não quer corrigir, nem pode corrigir, possui a mesma enfermidade! Assim sendo, despreocupa-se, não cuida do súdito ao vê-lo enfermo. A gravidade da enfermidade do pecado mortal é muito grande.
O governante doente nunca cuidará dela nos seus súditos, se antes não se tratar. Estando em pecado mortal, o governante fica pobre, pobre de virtudes. Deixa de imitar a Cristo crucificado. E estando desprovido da graça de Deus, não consegue socorrer o pobre súdito. Privado da iluminação divina, vive na escuridão, não enxerga onde está o vício. Se injustiças se cometeram, não se aplica a justiça. Espiritualmente engfermo, o governante perde o vigor do desejo santo, isto é, não procura a glória de Deus e a salvação das almas. Essa enfermidade piora sempre, porque o governante não procura o médico, o Cristo crucificado, para contar na confissão os próprios pecados. Se fizesse isso, receberia a vida (divina) e a saúde (espiritual). Assim sendo, logo morre (espiritualmente) e, morto, não consegue sepultar os mortos, como foi dito antes. A que pobreza maior poderia alguém chegar, que privar-se da saúde e da vida (do espírito)? Desconheço coisa pior! Pessoas assim são inaptas para governar os outros, pois não governam a si mesmas." (Redação: "Vida e Fé Católica")