Os fiéis mais instruídos que assistem à Missa dominical expressam, com todo o respeito e ao mesmo tempo com toda a sinceridade, quão vazia de conteúdo é a grande maioria das homilias proferidas pelos sacerdotes, especialmente desde que a nova teologia conciliar se tornou forte em nossa Igreja.
Por Padre Ildefonso De Assis
É uma afirmação exagerada? Penso que não, e podemos endossar o mesmo que os padres que tentam exortar os fiéis e às vezes alguns deles nos parabenizam pela "surpresa" que significa para eles ouvir pela primeira vez uma verdade doutrinária que deve ser assumida pela comunidade. Alguns leitores pensarão que sou culpado de vaidade (sou padre e prego) e se você pensa assim, eu deveria orar por este padre, mas para dar um exemplo compartilho algumas anedotas da vida real:
Uma vez um leigo me pediu para ouvi-lo em confissão porque alguém lhe havia dito que eu era um sacerdote que prega sobre o pecado...
Outra vez um leigo (já com idade avançada) me disse que em toda a sua vida nunca tinha ouvido num sermão que a presença real de Cristo está na Eucaristia e não nas imagens...
Vamos enumerar claramente os defeitos usuais que, por ação ou omissão, ocorrem nas homilias desde o período pós-conciliar até os dias atuais:
1: Nenhuma definição clara. Ambiguidade absoluta quando se trata de tocar, se tocado, em tópicos como pecado ou vida eterna (inferno, julgamento, glória)
2: Uma mera dissertação anotada sobre o Evangelho, mas sem a menor referência exortativa à conversão moral pessoal (a palavra "conversão" nem sequer existe)
3: Uma abundância de verbalismo que se torna cansativa e pesada. A homilia termina e alguns (aqueles que não adormeceram) se perguntarão o que o padre disse, ou o que ele quis dizer
4: Falta de proximidade pessoal em falar em público. Se o pregador é progressista (ou modernista) ele geralmente se apresenta como um grande intelectual com uma pose ridiculamente afetada, e se ele é conservador (ou mesmo tradicional) ele não raramente é hierático e sem usar a primeira pessoa do plural (ele só usa a segunda)
5: Às vezes são utilizados recursos poéticos e barrocos cujo único propósito é a vanglória do pregador que se mostra disfarçado de místico, mas de absoluta falta de mensagem e ao mesmo tempo vergonhosa submissão ao mundo
6: Tédio despertado quando o sermão é lido e, portanto, sem dar a opção ao improviso que o Espírito Santo muitas vezes desperta (esta é a chamada homilia "pré-cozinhada")
Na opinião deste autor, e de muitos outros sacerdotes, a homilia deve ter as seguintes características para cumprir o objetivo próprio do sermão, que é tocar a consciência dos fiéis e estimulá-los à conversão.
- Mensagem clara e contundente. Não se trata de falta de prudência, mas de servir a verdade. Temas como o pecado e/ou o mais novo devem ser expressos a você com toda firmeza para o bem das almas (inclusive o do próprio sacerdote)
- Uma exortação moral que deve ser discernida a partir da leitura meditativa da Palavra e do nível cultural-formativo do público
- Especificidade verbal para buscar otimização verbal (dizer muito com poucas palavras)
- Descida a uma mensagem próxima e sem as afetações da "intelectualidade". Nosso pregador modelo, Jesus Cristo, e Ele ensinou com parábolas (histórias) e linguagem simples e breve
- Coragem diante do chamado "consenso social". Como dizia São Paulo: "Não prego para agradar ao mundo, mas a Deus!" (Cf. Gálatas 1:10)
- Homilia preparada, sim, e meditada na presença de Deus, é claro. Mas aberto à espontaneidade despertada pelo Espírito e, portanto, na medida do possível, não deve ser previamente escrito
A pregação da Palavra de Deus é uma das missões fundamentais dos sacerdotes (juntamente com a celebração sacramental e o exercício da caridade); Rezemos para que nós, sacerdotes, saibamos ser fiéis e eficazes nesta tarefa que é (deve ser) a ponta de lança na conversão das almas. (Fonte: Adelante La Fe)