Nossa Senhora do Rosário

07/10/2024

Quando nasceu a Oração do Rosário? O que os Papas disseram sobre o Rosário? Como você ora? Raffaelo Martinelli responde a essas perguntas e muito mais neste livreto de San Carlo Borromeo. Quando nasceu a oração do Santo Rosário?

Tem uma origem muito antiga. Na verdade, parece datar do século XII, quando foi recitado por monges cartuxos por muito tempo. Em seguida, difundiu-se rapidamente em todo o mundo católico, assumindo características diferentes, mas conservando sempre a invocação a Maria Santíssima. A popularidade do Rosário é confirmada também pelo grande número de confrarias e associações que, tanto no passado como no presente, levam o seu nome. A festa litúrgica em honra de Nossa Senhora do Rosário é celebrada no dia 7 de outubro. O Papa Gregório XIII mudou a festa para esta data, substituindo a festa de Santa Maria da Vitória que seu antecessor havia instituído para comemorar a vitória da frota cristã sobre a frota turca em Lepanto, que ameaçava as costas do Vêneto.

O que alguns papas disseram sobre o Rosário?

Por causa da rápida difusão na Igreja, o Rosário foi regulamentado, oficialmente reconhecido e recomendado aos fiéis pelos Sumos Pontífices.

O primeiro papa que determinou oficialmente a fisionomia essencial, concedeu-lhe o carisma essencial e recomendou-o ao povo de Deus, foi o dominicano São Pio V. Memoráveis são as bulas 'Consueverunt' de 1569, uma verdadeira magna charta del Rosario e o 'Salvatoris Domini' de 1572, escrito após a vitória da cristandade em Lepanto.

Outro grande pontífice do Rosário foi o Papa Leão XIII. Este Papa, muito dedicado a esta oração, dedicou-lhe 22 documentos. Ele o apresentou como uma "maneira fácil de penetrar e inculcar nas almas os principais dogmas da fé cristã". Em 1883, ele estabeleceu que "todo o mês de outubro daquele ano e do próximo seria consagrado e dedicado à Virgem do Rosário". Desde o ano de 1891, lembramos a significativa definição que ele deu do Rosário: "como o cartão da nossa fé e o compêndio do culto devido a Maria". Em 1892, ele justificou suas recomendações para rezar o Rosário dizendo que é "uma excelente forma de oração, um meio eficaz de preservar a fé e um ilustre ideal de virtude perfeita: é apropriado que nós, cristãos, o tenhamos frequentemente em nossas mãos e o meditemos piedosamente". Em 1898, ele chegou a afirmar que o "Rosário constitui a forma mais excelente de oração privada e o meio mais eficaz para alcançar a vida eterna" e que "na hora suprema os devotos do Rosário serão consolados pela ternura materna da Virgem Maria e adormecerão docemente em seu ventre".

O Papa São Pio X estimava e amava o Rosário recitando-o fielmente antes e durante seu pontificado. Ele afirmou: "O Rosário é a oração por excelência, unindo a meditação sobre os mistérios de nossa religião e as orações santíssimas com a mediação da Santíssima Virgem. Devemos nutrir nossa esperança de que, por meio dessa prática, o Senhor nos concederá as melhores graças". Em seu testamento, ele recomendou "a oração que, sempre depois da oração litúrgica, é a mais bela de todas, a mais rica de graças, aquela que a Virgem Maria mais gosta".

Com importantes encíclicas e discursos, o Rosário foi exaltado e recomendado por Bento XV e Pio XI, a quem é atribuída a frase provocativa, muitas vezes citada: "Eu poderia converter o mundo se houvesse um exército para recitar o Rosário".

Por outro lado, a famosa definição de Pio XII: "o Rosário é a síntese de todo o Evangelho, meditação dos mistérios do Senhor, sacrifício vespertino, coroa de rosas, hino de louvor, oração da família, compêndio de vida cristã, sinal seguro dos favores celestes, defesa da esperada salvação".

Em 16 de outubro de 2002, João Paulo II publicou a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, por ocasião do 120º aniversário da encíclica Supremi Apostolatus Officio, com a qual Leão XIII, em 1º de setembro de 1883, iniciou uma série de publicações dedicadas ao Rosário. "Caracterizado por sua fisionomia mariana – escreve João Paulo II na introdução da Carta – "o Rosário é uma oração do coração cristológico" que, com sua "simplicidade e profundidade, permanece uma oração de grande significado, destinada a dar frutos de santidade". João Paulo II proclamou o ano de outubro de 2002 a outubro de 2003 como o "Ano do Rosário", convidando a recitar esta oração, que "conduz ao próprio coração da vida cristã e oferece uma oportunidade espiritual e pedagógica ordinária, mas fecunda, para a contemplação pessoal, a formação do Povo de Deus e a nova evangelização".

A ESTRUTURA DO ROSÁRIO De quantas Ave Marias o Santo Rosário é composto atualmente?

É composto por 200 Ave-Marias, divididas em dezenas, reagrupadas em 4 ciclos de 5 Mistérios cada. Cada coroa do Rosário é composta por 5 dezenas. A coroa do Rosário foi criada como um instrumento para contar as orações, e foi feita inspirada em instrumentos semelhantes existentes em outras religiões, em particular o usado pelos budistas (108 grãos) e pelos muçulmanos (99 grãos, ou seja, o número de nomes atribuídos ao Deus do Alcorão). Por exemplo, no ano de 1516, Leão X aprovou uma 'coroa' em honra de Nosso Senhor consistindo de 33 pequenos grãos (os anos de Cristo de acordo com a tradição popular) para recitar 33 Pater noster adicionando 5 grãos maiores (as feridas de Cristo) para recitar cinco Ave-Marias.

Por que no passado o Santo Rosário era composto por 150 Ave-Marias?

O Rosário de 150 Ave Maria referia-se aos 150 salmos que fazem parte da Liturgia das Horas e que no passado (mas às vezes também no presente) as pessoas simples substituíram pela recitação diária de 150 Pater. Com o desenvolvimento da piedade mariana, foi proposta a recitação do 150 Ave Maria, quando esta oração ainda não tinha a segunda parte, que foi acrescentada no final do século XV.

IMPORTÂNCIA DO ROSÁRIO Qual é a relação entre o Rosário e a vida cotidiana?

"Nosso coração", disse João Paulo II no primeiro ano de seu pontificado, "pode conter nestas décadas do Rosário todos os fatos que compõem a vida do indivíduo, da família, da nação, da Igreja e da humanidade". No que diz respeito à "implicação antropológica" do Rosário, o Papa o define como "o segredo para se abrir mais facilmente a um conhecimento profundo de Cristo por meio de Maria", mas também uma forma de pedir ajuda a Cristo para "os muitos problemas, preocupações, fadigas e projetos que caracterizam nossas vidas". O Rosário é também uma resposta àquela «renovada exigência de meditação» típica do nosso tempo.

Em que sentido o Rosário é a oração pela paz e pela família?

Paz e família: para o Papa João Paulo II, estes são dois âmbitos particulares em que a oração do Rosário se revela capaz de "dar esperança a um futuro menos sombrio".

"O Rosário é uma oração que, por sua natureza, está orientada para a paz", escreve João Paulo II na mencionada Carta Apostólica de 2002, "também pelos frutos de caridade que produz", entre os quais "o desejo de acolher, defender e promover a vida, cuidando do sofrimento das crianças em todas as partes do mundo"; de "testemunhar as bem-aventuranças na vida cotidiana"; de "tornar-se 'cireneus' de todo irmão abatido pela dor ou esmagado pelo desespero". Numa palavra, tornar-se «construtores de paz no mundo» e «esperar que uma 'batalha' tão difícil como a da paz possa ser vencida também hoje».

Outra área crítica do nosso tempo, para a qual João Paulo II pede um maior empenho, é a da família. A reproposta do Rosário nas famílias cristãs, no âmbito de uma pastoral familiar mais ampla, segundo o Papa, pode ser uma excelente oportunidade para:

alimentai a oração familiar, que é tão importante ainda hoje;

confiando à oração do Rosário, o caminho de crescimento das crianças;

ajudar os pais a preencher a lacuna cultural entre as gerações;

redescobrir o valor do silêncio;

encorajar a convivência e a comunicação entre os vários membros da família.

Existe um Rosário missionário?

Sim, e é muito sugestivo: o dez branco é para a velha Europa, para que seja capaz de recuperar a força evangelizadora que gerou tantas Igrejas; o dez amarelo é para a Ásia, que explode com vida e juventude; o dez verde é para a África, testado pelo sofrimento, mas disponível para proclamação; a década vermelha é para a América, um viveiro de novas forças missionárias; a década azul é para o continente da Oceania e da Austrália, que espera uma maior difusão do Evangelho.

D) OS MISTÉRIOS DO ROSÁRIO

MISTÉRIOS DA ALEGRIA (Alegre) (Segunda-feira e Sábado)

No 1º mistério gozoso, contempla-se o anúncio do Anjo a Maria: "E o Anjo entrou e disse-lhe: 'Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo'. conceberás e darás à luz um filho, e dar-lhe-ás o nome de Jesus» (Lc 1, 28ss).

No 2º mistério gozoso contempla-se a visita de Maria a Santa Isabel: «Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou de alegria no seu seio» (Lc1, 41);

No 3º mistério gozoso, contempla-se o nascimento de Jesus na gruta de Belém: «Maria deu à luz o seu filho primogénito, envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura, porque não tinham lugar nos aposentos» (Lc 2, 6-7);

No 4º mistério gozoso, contempla-se a apresentação de Jesus no Templo: «Cumpridos os dias da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, trouxeram Jesus a Jerusalém para o apresentar ao Senhor» (Lc 2, 22 ss.).

No 5º mistério gozoso, contempla-se a descoberta de Jesus no Templo: "Não sabíeis que eu estaria na casa de meu Pai? Mas eles não compreenderam a resposta que lhes deu» (Lc 2, 48-51).

MISTÉRIOS DA LUZ (Luminoso) (quinta-feira)

No 1º mistério luminoso, contempla-se o Batismo de Jesus no rio Jordão: "E aconteceu que, por volta daqueles dias, Jesus veio de Nazaré da Galiléia e foi batizado por João no Jordão. E ouviu-se uma voz do céu: 'Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo.'" (Mc 1, 9-11).

No 2º mistério luminoso, contempla-se a manifestação de Jesus nas bodas de Caná: "Sua mãe diz aos servos: 'Fazei tudo o que ele vos disser'. Assim, em Caná da Galiléia, ele começou seus sinais. E Ele manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram n'Ele» (Jo 2, 5-11).

No 3º mistério luminoso, contempla-se o anúncio do Reino de Deus: "Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e acreditai na Boa Nova» (Mc 1, 15).

No 4º mistério luminoso, contempla-se a Transfiguração de Jesus: "Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte para orar. E aconteceu que, enquanto ele orava, o seu rosto mudou e as suas vestes ficaram de uma brancura resplandecente» (Lc 9, 28-29).

No 5º mistério luminoso é contemplada a instituição da Eucaristia: "Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e abençoou-o, partiu-o e deu-o aos seus discípulos, disse: 'Tomai, comei, isto é o meu corpo'. Depois, tomou um cálice e, depois de dar graças, deu-lhe, dizendo: «Bebei dele todos, porque isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados» (Mt 26, 26-28).

MISTÉRIOS DA DOR (Doloroso) (Terça a sexta-feira)

No primeiro mistério doloroso, contempla-se a agonia de Jesus no Getsémani: «E, mergulhado na agonia, insistiu mais na sua oração. Seu suor tornou-se como gotas de sangue caindo no chão. (Lucas 22:44)

No 2º mistério doloroso, a flagelação de Jesus é contemplada: "Pilatos tomou Jesus e mandou açoitá-lo". (Jo 19, 1).

No 3º Mistério Doloroso, contempla-se a coroação de espinhos de Jesus: «Trançaram uma coroa de espinhos e puseram-na sobre a sua cabeça» (Mt27, 29).

No 4º Mistério Doloroso, Jesus é contemplado carregando a Cruz em direção ao Calvário: "Pilatos diz aos judeus: 'Eis o vosso Rei'". Entregou-o depois para ser crucificado» (Jo 19, 16-17).

No 5º Mistério Doloroso, a crucificação e morte de Jesus é contemplada: "E ali o crucificaram... Quando Jesus tomou o vinagre, ele disse: "Está consumado". E, inclinando a cabeça, entregou o Espírito» (Jo 19, 18-55)

MISTÉRIO DA GLÓRIA (Glorioso) (Quarta – Domingo)

No 1º mistério glorioso, a ressurreição de Jesus é contemplada: "Eu sei que buscais Jesus, o crucificado; não está aqui, ressuscitou, como tinha dito» (Mt 28, 5-6).

No 2º mistério glorioso, contempla-se a ascensão de Jesus ao céu: «O Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi elevado ao céu e assentou-se à direita de Deus» (Mc 16, 19)

No 3º mistério glorioso, contempla-se a descida do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos no Cenáculo: "Apareceram-lhes línguas como de fogo, que se dividiram e pousaram sobre cada um deles; ficaram cheios do Espírito Santo» (Act 2, 3-4);

No 4º mistério glorioso, contempla-se a assunção de Maria ao céu: «O Harmfinder fez maravilhas por mim, santo é o seu nome» (Lc1, 49);

No 5º Mistério Glorioso, contempla-se a coroação de Maria como Rainha do céu e da terra: «Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça» (Ap 12, 1).

O Primaz da Basílica de São Carlos e Santo Ambrósio Monsenhor Raffaello Martinelli (Fonte: INFOVATICANA)