O Anticristo

14/01/2025

O fenômeno acordado é o culminar da modernidade, uma ruptura com o eterno que só pode ser curada com um retorno ao transcendental.

Por Roy Branker e Mª Gabriela Lara 

Vivemos em uma época de profundas transições. Nesta edição, exploramos como o fenômeno woke se alinha com as tensões mais profundas da modernidade e o que isso implica para nossa compreensão da espiritualidade e da existência coletiva.

Encontramo-nos em um mundo onde grandes mudanças ideológicas e culturais parecem acontecer com uma velocidade sem precedentes. Queremos levá-lo além das narrativas superficiais para explorar as raízes históricas e filosóficas do fenômeno woke. Esta análise não busca apenas compreender o presente, mas também oferecer ferramentas para refletir sobre o futuro de nossa civilização e sua relação com o eterno.

Wokismo: Um fenômeno moderno que, em sua tentativa de alcançar a iluminação social, foi transformado em uma espécie de culto onde o dogma do "despertar" é venerado com a mesma paixão que um satanista venera seu senhor das trevas.

O wokismo é a política da performatividade elevada à sua expressão mais plena, onde todo ato de justiça social é mais um rito para exibir moralidade do que para realmente mudar qualquer coisa. Aqui, a doutrina do wokismo e do satanismo compartilham um traço comum: ambos procuram desafiar o status quo, mas enquanto um o faz com a promessa de iluminação e justiça, o outro o faz com provocação e rejeição total da norma.

O wokismo pode ser visto como uma espécie de satanismo leve para as massas digitais. Onde o satanismo tradicional se deleita com a subversão dos valores estabelecidos, o wokismo se regozija com a subversão da linguagem, da história e da cultura, mas com a aparência de fazer o bem. É a arte de apontar problemas sociais sem oferecer soluções, semelhante a como um satanista pode apontar a hipocrisia da sociedade sem propor uma alternativa real.

Nessa paródia, o wokismo transforma cada indivíduo em um inquisidor moderno, em busca de heresias na forma de microagressões ou pensamentos não alinhados com a ortodoxia do momento. Como o satanismo, que às vezes tem sido usado como um símbolo de rebelião contra a opressão, o wokeimo tornou-se um sinal de protesto contra a injustiça, mesmo que muitas vezes se perca em um emaranhado de virtude, supremacia e performatividade.

O wokismo é como o satanismo em sua forma mais sutil: uma rebelião contra a convenção disfarçada de moralidade, onde a verdadeira mudança é sacrificada no altar da aceitação social e da visibilidade online. Ambos capturam a imaginação daqueles que buscam um sentimento de pertencimento e propósito, mas enquanto um o faz através da escuridão e da subversão, o outro o faz com a luz da justiça social, mesmo que às vezes essa luz pareça mais uma lanterna do Instagram do que um farol de verdadeira reforma.

A ideologia "acordada", aquele fenômeno que capturou as primeiras páginas da mídia e das conversas políticas nas últimas décadas, é apresentada não apenas como uma reação social, mas como o culminar de um longo processo histórico. Para muitos, "woke" é simplesmente uma explosão moderna, um desvio perverso da norma, mas é crucial entendê-lo dentro de um contexto mais amplo para questioná-lo adequadamente e, se possível, superá-lo.

A ideologia woke tem suas raízes profundamente enterradas nos fundamentos da modernidade ocidental. Para se livrar dele, é necessário primeiro identificar e extrair suas raízes, e essas raízes são o nominalismo, o hiperindividualismo e o liberalismo como ideologia. O liberalismo convida cada indivíduo a abandonar qualquer forma de identidade coletiva, promovendo uma esfera autônoma onde o indivíduo é o único juiz de sua existência e valores. Essa dissolução de identidades coletivas, que vão da nação à religião, é a base do que conhecemos hoje como ideologia acordada.

O despertar ideológico da esquerda liberal globalista não é um fenômeno isolado ou uma aberração fortuita; é o resultado lógico da história do liberalismo. A libertação da Igreja Católica, a abolição dos estados, o desmembramento de impérios, o colapso dos Estados-nação e a dissolução de ideologias coletivas como o fascismo e o comunismo – tudo isso faz parte do processo histórico que moldou a modernidade e que agora está mais radical com o movimento acordado.

O "acordado" não é simplesmente uma perversão momentânea, nem um desvio errático da norma, é a manifestação final da modernidade ocidental. Esse fenômeno não é apenas um estágio intermediário que pode ser corrigido com o tempo. É uma consequência direta do paradigma moderno que se formou ao longo dos séculos e que, em sua forma mais pura, é incompatível com a tradição, com a religião, com o cristianismo. Estamos diante de um dilema: ou voltamos à modernidade, ou voltamos a uma forma de pré-modernidade que reconhece a eternidade.

A modernidade, com sua ênfase na razão e no progresso, descartou a noção de eterno em favor de uma temporalidade infinita, onde o presente é a única medida válida para a compreensão do mundo. Nesse sentido, o "acordado" representa o ápice desse abandono da eternidade: a exaltação da duração pura, de um tempo que não tem referência ao eterno, que não tem propósito ou fim.

Embora a modernidade tenha proclamado seu triunfo sobre o passado, a tradição e a religião, devemos reconhecer que a pré-modernidade não é simplesmente uma fase passada da história. Não se trata apenas do que foi, mas do que poderia ser, do que pode ser o nosso futuro. A pré-modernidade é uma visão supratemporal, uma forma de entender a existência que transcende a mera temporalidade do presente e se conecta com uma compreensão eterna do mundo. A modernidade, por outro lado, é uma negação da eternidade em favor de uma temporalidade desprovida de sentido.

O "acordado" é, nesse sentido, a manifestação final de um tempo que venceu a batalha pela eternidade. A ideologia woke e sua obsessão com identidade, desconstrução e relativismo representam a vitória de um tempo vazio sobre uma realidade eterna e significativa. Em sua ânsia de libertar o indivíduo das estruturas coletivas, gerou um vazio existencial onde não há espaço para o absoluto, o transcendente ou o sagrado.

O contraste entre a visão moderna e a pré-moderna pode ser entendido por meio de dois tipos de poder: o poder do Rei do Mundo, representado por Cristo, que reina na eternidade, e o poder do príncipe deste mundo, Satanás, que reina em pura temporalidade. A modernidade mudou o poder do primeiro para o último, resultando em uma "rebelião democrática e democrática" da matéria contra o espírito, como a tradição descreve. O movimento acordado é, em muitos aspectos, o Revelação dessa mudança de poder, uma mudança em que a tecnologia e a técnica se tornam os novos deuses.

A tecnologia, esse produto da modernidade, não é apenas uma ferramenta, é um fenômeno metafísico. Em sua essência, a técnica não é apenas um conjunto de ferramentas, mas uma forma de alienação. Pode ser domesticado e usado, mas há sempre o risco de nos controlar, nos absorver e nos transformar em meros instrumentos de seu poder. O Vale do Silício, esse epicentro da inovação tecnológica, tornou-se o espaço para os verdadeiros adoradores da modernidade, aqueles que sacrificaram o transcendente em favor do progresso ilimitado e vazio.

Assim, "woke" é uma manifestação definitiva desta era de modernidade desenfreada. Não é um simples erro ou desvio ideológico, é a última etapa de um longo processo que alterou a forma como entendemos o indivíduo, a sociedade e o mundo. Para superar essa fase, é necessário não apenas rejeitar os excessos da ideologia acordada, mas questionar e revisar profundamente os fundamentos da própria modernidade. Somente através de um retorno a uma compreensão mais profunda e transcendental da vida, que transcende o tempo e retorna à eternidade, podemos encontrar uma solução verdadeira para os problemas que o woke trouxe consigo. (Fonte: El Español Digital)

"Este pontificado está cheio de clichês e clichês que agora são bem conhecidos. Uma delas, onipresente, é o barulho da recepção de "irmãos imigrantes", a ponto de se comprometer a apoiar financeiramente ONGs cujos barcos trazem imigrantes ilegais para o território italiano.