O "Rito Maia" e o progressismo papal

28/11/2024

A Liturgia representa a vida íntima da Igreja, sua essência: o culto de Deus Uno e Trino, no qual se cumpre o Primeiro Mandamento; a reprodução do mistério pascal de Jesus Cristo; a comunicação da Graça do Espírito Santo, na celebração dos Sacramentos. A realização da Liturgia ocorre de acordo com vários ritos, do Oriente e do Ocidente. 

O Rito Romano inclui o Ordo da Missa em Latim, que se originou aproximadamente no século VI e que nunca foi revogado. Em 1970, o Papa Paulo VI sancionou um novo Ordo Missae, que é exercido com alterações aqui e ali, e que carece de solenidade e beleza. Por isso, muitos jovens aderem à Tradição da "Missa de todos os tempos", onde não é arbitrariamente proibida. A letra dessa Missa Tradicional tem a exatidão do latim eclesiástico.

Os ritos orientais permanecem inalterados ao longo do tempo; no máximo, adotam, pelo menos parcialmente, a língua do lugar onde são celebrados. O atual Ordo Missae, por outro lado, é caracterizado por sua variabilidade e inclui numerosos abusos. Um campo de experimentação especial é a música, uma área em que o canto gregoriano foi abandonado e o uso de instrumentos populares foi introduzido. É notável que, mesmo onde há um órgão de tubos, ele permanece em silêncio. O desgosto causado por essas mudanças explica por que muitos jovens aderem à "Missa de sempre". Observo algo curioso. Pode-se pensar que o atual pontificado adota em sua orientação litúrgica os vícios populares da Argentina.

Agora, outro passo em falso foi dado: a aprovação do "rito maia", concedido ao México. É uma "incorporação" no rito da Missa de elementos pagãos, incensos abundantes, participação de mulheres que intervêm como se fossem sacerdotisas, música popular fora da esfera religiosa, aplausos e danças. O que resta da Eucaristia cristã? A formulação deste pedido constitui um ponto de chegada na transformação da Liturgia Católica, agora dilacerada na abolição do Culto Divino. A qual deus se destina o "rito maia"?

A situação criada por esta manufatura é muito séria; altera a relação espontânea entre a Liturgia e o Céu. Não pode ser feita qualquer referência ao Conselho. O primeiro documento do Vaticano II foi a constituição Sacrosanctum Concilium, votada quase por unanimidade. Neste texto foi estabelecido "que ninguém, mesmo que seja sacerdote, deve ousar remover, acrescentar ou mudar qualquer coisa por sua própria iniciativa na Liturgia".

Aplica-se ao caso que venho analisando: o Sumo Pontífice, por sua própria iniciativa, e contra a Tradição e o sentido litúrgico, promulga um rito inventado para uma nação particular, contra a extensão da Liturgia a toda a Igreja. O "rito maia", então, contradiz o Concílio.

A responsabilidade pontifícia neste caso sugere um agravamento de seu progressismo. Motus in fine velocior: o movimento acelera no final. E outra prova disso é a recente mudança no ritual do funeral papal; com o objetivo óbvio de dessacralização. "Sinodalmente" parece que onde há "pompa" – como é chamada, de forma pejorativa – não há espaço para a pobreza. Temos que rezar muito pelo Papa. Que os santos videntes de Fátima, Francisco, Jacinta e Lúcia, intercedam pela Igreja. (Fonte: INFOVATICANA)

Héctor Aguer Arcebispo Emérito de La Plata.