O xeque-mate de Satanás

05/09/2024

Você pode imaginar uma instituição que não torna públicas suas regras e que também sujeita a vigilância e/ou sanção os membros da instituição que desejam ensinar e, quando apropriado, executar as regras mencionadas? Bem, se a imaginação não encontrar uma resposta, vou dar a você neste breve artigo: essa instituição existe e é a Igreja Católica desde o Concílio Vaticano II. Se esta afirmação é surpreendente para o leitor, vamos ilustrá-la com exemplos comparativos da própria vida cotidiana.

Por Padre Ildefonso De Assis 

Imagine que a autoridade pública de trânsito fosse essa instituição. Para que os cidadãos que acessam a carteira de habilitação desconheçam completamente as leis de trânsito. Quando eles virem um sinal vermelho, eles continuarão a dirigir porque essa tonalidade os leva a acelerar. Eles não receberão nenhuma sanção e se algum agente se atrever a multar, esse agente será, por sua vez, sancionado por seu superior por ter sido intransigente.

Imagine que a autoridade pública das finanças fosse essa instituição. Para que os cidadãos decidissem, de acordo com seu pensamento, se deveriam ou não pagar impostos para sustentar os encargos econômicos do estado. Quando chega a hora de testemunhar, eles se abstêm de fazê-lo porque não se sentem "motivados". A autoridade não lhes imporá nenhuma penalidade fiscal e, se algum inspetor tiver a iniciativa de denunciá-la, será imediatamente censurado por seu superior, acusando-o de ser intolerante.

Imagine que a polícia, ou força policial, fosse essa instituição. Para que qualquer indivíduo que quisesse cometer um crime, contra a vida, a propriedade ou a dignidade pessoal, o faria sem medo de ser repreendido. Se um policial agisse imediatamente para proteger os direitos da vítima, ele seria imediatamente neutralizado por seu superior em vista de sua "rigidez" no desempenho de sua tarefa.

Imagine se o exército fosse essa instituição. A pátria sofre uma invasão do exterior com a certeza absoluta de não ter que enfrentar nenhuma força defensiva. Quando um soldado, fiel ao seu juramento, pega em armas para defender a nação, ele é processado e levado à corte marcial (que ironia...) por falta de senso de diálogo e inclusão.

Não são necessários mais exemplos. Vejamos agora o que tem acontecido, em uma base tremendamente diária, em nossa Igreja nas últimas décadas:

O Catecismo aponta claramente que faltar à missa dominical é um pecado mortal, exceto em caso de doença (veja o ponto 2181 caso você não acredite em mim), e baseia essa norma no terceiro mandamento de Deus e no primeiro da Igreja. Pergunte a não poucos católicos se eles conhecem essa regra; e saiba que quando um padre ou catequista o recordou, ele foi submetido a um julgamento "sumário" tanto pelos paroquianos quanto, às vezes, pelos próprios superiores.

A doutrina católica é clara sobre a vida eterna. Existe o inferno e estão destinados aqueles que morrem em pecado mortal sem arrependimento. Há quanto tempo isto não se ouve em muitas paróquias, nem nas homilias, nem na catequese? E se alguma pessoa corajosa mostrar isso, corre o risco não apenas de ser notícia na televisão nojenta, mas também de ser admoestado por seu superior.

A moral católica sobre o matrimônio e a afetividade está bem definida na doutrina. No entanto, há muitos católicos que não sabem até que haja um sexto mandamento, que vivem em pecado mortal se vivem juntos antes de se casar ou se tomam anticoncepcionais... e em muitas ocasiões nem sabem o que o próprio catecismo expressa sobre isso. Eles vão à catequese do matrimônio, da confirmação, do batismo... e não recebem um único ensinamento sobre o assunto. Se alguém se atreve a formar consciências com a verdadeira doutrina, corre o risco de ser "fulminado" por seus superiores. E não há exagero nessa frase.

Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas agora vale a pena mencionar a conclusão: a Igreja Católica é HOJE uma instituição de tão baixo perfil que não só não se atreve a ensinar sua doutrina, mas, como xeque-mate de Satanás, persegue e pune seus próprios filhos que querem ser fiéis no mandato de consciência que emana do próprio Evangelho, já que Nosso Senhor Jesus Cristo veio para dar sua vida para sempre expressar a verdade sem hipotecas mundanas ou medos servis.

Alguns seguidores do "fazer o bem" repetem ad nauseam que devemos ficar calmos porque a doutrina não é tocada ou mudada. Devemos responder-lhes que:

Qual é a utilidade de uma doutrina que não é conhecida nem ensinada?

Qual é a utilidade de um livro de direito trancado em uma vitrine sem chave de acesso?

E de que adianta uma instituição que tem medo de mostrar seus ensinamentos?

É URGENTE refletir sobre o estado de tão terrível fragilidade e complexo de inferioridade que, como um câncer terminal, nossa Igreja sofre hoje. (Fonte: Adelante La Fe)