O entusiasmo oficial pelo sínodo sobre a sinodalidade que nos chega de Roma, em contraste com a recepção fria entre os fiéis, tenta em vão vender a sugestão de uma "refundação" da Igreja, para o alarme de muitos.
Por Carlos Esteban
Chesterton disse que o católico é convidado a tirar o chapéu ao entrar na igreja, não a cabeça. De fato, nossa Igreja não é uma seita que segue cegamente as instruções de um guru ou que pode mudar ao capricho de quem a governa a qualquer momento.
Você pode pensar. O que temos diante de nossos olhos pode ser admitido. E você pode ver de relance o que é 'golpe' o que eles tentam nos vender com tanta insistência esmagadora.
"Abrimos as portas, oferecemos a todos a oportunidade de participar, levamos em conta as necessidades e sugestões de todos", disse Francisco em Lisboa, referindo-se ao sínodo que começa em outubro. "Queremos contribuir juntos para construir uma Igreja onde todos se sintam em casa, onde ninguém seja excluído. Aquela palavra do Evangelho que é tão importante: todos. Todos, todos: não há primeiro, segundo ou terceiro católicos, não. Todos juntos. Todo. É o convite do Senhor". E nesta breve invocação notamos duas falácias bastante óbvias.
A primeira diz respeito à representatividade do sínodo. Por toda parte ouvimos a insinuação de que o que é discutido nas assembleias refletirá, pela primeira vez, a opinião dos leigos, dos fiéis comuns. E já é difícil precisar o que a Igreja ganha, Mater et Magistra, aprendendo em vez de ensinar, que é a missão específica comandada por Cristo, como se a doutrina católica fosse uma especulação intelectual e não uma mensagem imutável. Mas nem é verdade.
O processo de coleta de opiniões dos fiéis tem sido mais complicado do que um filme chinês. Apenas entre 1% e 2% dos católicos em todo o mundo compareceram às "sessões de escuta", para começar, e é compreensível que nessa ínfima proporção se concentrem mais ativistas e "renovadores". Para continuar, não é que os fiéis receberam uma folha de papel em branco para expressar livremente sua visão da Igreja, mas que eles foram consultados especificamente sobre questões muito específicas que podem não ser de interesse da maioria, e com perguntas que muitas vezes geravam respostas adequadas sozinhas. Não é à toa que a maioria dos fiéis desconhece que um sínodo está mesmo acontecendo, muito menos um tão importante.
A segunda falácia do parágrafo é antes uma sugestão; É a insinuação, constante ao longo deste Pontificado, de que as coisas são finalmente como sempre foram. As palavras e mensagens transmitem o sentimento de que a misericórdia de Deus é algo inédito na Igreja, quando tem sido um refrão constante.
Ou, para se ater ao parágrafo citado, que só agora todos na Igreja foram aceitos. Todo mundo sempre foi chamado, todo mundo sempre foi aceito. Só que, até agora, foi feita uma distinção obstinada entre a pessoa e a conduta, o pecado e o pecador, e o segundo foi abraçado sem condenar o primeiro.
Tudo isso nos faz pensar no sínodo como um teatro gigantesco, com o roteiro já escrito até a última vírgula, organizado para apresentar como "exigências" do povo de Deus mudanças que, vindas diretamente da cabeça, soariam intoleráveis. (Fonte: INFOVATICANA)