RAINHA ELIZATETH II (1926 – 2022)
O povo britânico e todo Reino Unido está em prantos, e boa parte do mundo também, devido ao passamento da Soberana inglesa nesse triste dia 8 de setembro, pois uma estrela de primeira grandeza se apagou, deixando o mundo menos luminoso.
Por Paulo Roberto Campos
Em homenagem à Rainha Elizabeth II, segue reprodução de excertos de um artigo de Plinio Corrêa de Oliveira para a revista Catolicismo (edição de junho de 1952).
O autor ressalta o fato de que - apesar do espírito igualitário que contagiou todos os povos ao longo de um processo revolucionário de cinco séculos - tudo que gira em torno de Reis e Rainhas, Príncipes e Princesas, coroas e tronos, palácios e castelos toca o fundo da alma de quase todas as pessoas e as eleva e entusiasma.
"Em todos os domínios da vida hodierna se manifesta a influência avassaladora do espírito de igualdade. Outrora a virtude, o berço, o sexo, a educação, a cultura, a idade, o gênero de profissão, as posses, outras circunstâncias ainda, modelavam e matizavam a sociedade humana com a variedade e a riqueza de mil relevos e coloridos.[...]
Mas em nossos dias não há por assim dizer uma só transformação que não tenha por efeito um nivelamento, que não favoreça direta ou indiretamente o caminhar da sociedade humana para um estado de coisas absolutamente igualitário. Ora, enquanto um tufão igualitário sopra com uma força sem precedentes, em pleno desenvolvimento deste imenso processus mundial, uma Rainha é coroada segundo ritos inspirados por uma mentalidade absolutamente anti-igualitária.Há na natureza humana uma tendência profunda, permanente, vigorosa, para o que é gala, honraria, distinção; e o igualitarismo hodierno comprime esta tendência, gerando uma nostalgia profunda, que explode sempre que para isto encontra uma ocasião.
Mas, dirá alguém, não seria conveniente modernizar todos estes símbolos, atualizar todas estas cerimônias? Por que conservar ritos, fórmulas, trajes do mais remoto passado? A pergunta é de um simplismo primário. Os ritos, as fórmulas, os trajes, para exprimirem situações, estados de espírito, circunstâncias realmente existentes, não podem ser criados ou reformados bruscamente e por decreto, mas sim gradualmente, lentamente, em geral imperceptivelmente, pela ação do costume.
Entretanto é preciso acrescentar que o simples fato de um rito ou símbolo ser muito antigo não é motivo para o abolir, mas antes para o conservar. O verdadeiro espírito tradicional não destrói por destruir. Pelo contrário, ele conserva tudo, e só destrói aquilo que há motivos reais e sérios para destruir. Pois a verdadeira tradição, se não é uma esclerose, uma fixação hirta no passado, ainda muito menos é uma negação constante deste.
Ora, foi precisamente com esta tradição que o mundo contemporâneo rompeu, para adotar um progresso nascido, não do desenvolvimento harmônico do passado, mas dos tumultos e dos abismos da Revolução Francesa. O que resultou num mundo nivelado, paupérrimo em símbolos, regras, maneiras, compostura, em tudo que signifique ordem e distinção no convívio humano.
O homem contemporâneo, ferido e maltratado em sua natureza por todo um teor de vida construído sobre abstrações, quimeras, teorias vácuas, nos dias da coroação se voltou embevecido, instantaneamente rejuvenescido e repousado, para a miragem deste passado tão diferente do terrível dia de hoje. Não tanto por nostalgia do passado quanto de certos princípios da ordem natural, que o passado respeitava e que o presente viola a todo momento. Eis, a nosso ver, a explicação mais profunda e mais real do entusiasmo que empolgou o mundo durante as festas da coroação". ( Agência Boa Imprensa https://www.abim.inf.br ) Deixe seu comentário e compartilhe!