Um papa em apuros: a última carta é uma encíclica?

21/10/2024

Estamos nos aproximando do final do Sínodo sobre a Sinodalidade, esse grande projeto que deveria revolucionar a Igreja, mas que neste momento deixou muitos com um rosto de descrença.

Por Jaime Gurpegui 

O que restou de todo o barulho da mídia? Bem, isso é muito burburinho sobre nada. Ninguém ouve, ninguém está interessado. E parece que, cada vez mais, os verdadeiros católicos – aqueles que vão à missa e têm um compromisso real com sua fé – se sentem distantes do que sai de Roma. E agora?

Ah, mas Francis não é tolo. Ele sabe que a corda está esticada e que a desconexão com uma parte significativa de seu rebanho é evidente. Então, que melhor maneira de recuperar o favor dos fiéis do que usar uma fórmula antiga? Nada menos que uma encíclica tradicional. Porque, é claro, quando as coisas dão errado, há sempre a possibilidade de deslumbrar os católicos que ainda respeitam o que soa piedoso, o que tem o sabor do habitual, o que os lembra de que a Igreja não começou com Francisco.

A nova encíclica, Dilexit Nos, parece um movimento estratégico para restaurar um vislumbre de esperança aos desconfiados. E que coincidência vem logo após este desastroso Sínodo! Como se dissesse: "Vamos, acalme-se, olhe, eu também sou um papa como os antigos". Mas não nos enganemos: este é o mesmo papa que pisca para o progressismo, para a agenda política global, e que, no mínimo, aproveita a oportunidade para lançar mensagens ambíguas que só servem para confundir aqueles que realmente querem seguir a doutrina usual.

Este jogo é novo? Toda vez que sua popularidade entre os católicos mais fiéis começa a diminuir, Francisco puxa um ás na manga, algo que cheira a incenso tradicional. Já vimos isso antes. Mas, na realidade, quanto tempo dura esse efeito? Já ficou claro que o que preocupa este pontificado não é a doutrina, mas a popularidade, a cobertura da mídia, e quando a opinião pública deixa de aplaudir, devemos lembrar aos fiéis mais desconfiados que, talvez, este papa ainda saiba ser papa.

O que está claro é que, no final, o que ele diz ou não diz em Dilexit Nos não mudará o que vimos nos últimos anos. Os fiéis católicos continuarão a se afastar, desiludidos com o constante vaivém entre o que é dito e o que é feito. E não importa quantas encíclicas tradicionais sejam escritas para tentar recuperar esse afeto perdido, porque as ações falam mais alto que as palavras.

O teatro sinodal fechou, as luzes se apagaram e o papa volta ao palco com o roteiro de sempre: um pouco de doutrina bem embalada para acalmar os ânimos. Mas nesta apresentação, não há muito público pronto para aplaudir. (Fonte: INFOVATICANA)

Em 1964, o padre Bouyer escreveu: "O Cânon Romano remonta, como é hoje, a São Gregório Magno († 604). Não há oração eucarística, tanto no Oriente quanto no Ocidente, que, permanecendo em uso até hoje, possa se orgulhar de tal antiguidade! Aos olhos, não só dos ortodoxos, mas também dos anglicanos e até dos protestantes que ainda têm, em...