Uma 'solução pastoral' para o debate sobre diaconisas

11/03/2024

Onze anos é mais do que suficiente para perceber padrões de comportamento. E o que vemos na ação da hierarquia para introduzir novidades é que seu método consiste em se esquivar de pronunciamentos doutrinários e influenciar abordagens "pastorais". Essa poderia ser a maneira de introduzir "sacerdotes" que seriam sacerdotes em tudo, menos no sacramental.

Por Carlos Esteban

Qualquer pessoa com olhos para ver notará que, há alguns anos, o mundo (em seu sentido teológico) tem pressa em impor seu pensamento único até o último canto da terra e os meios para alcançá-lo: créditos e ajuda são negados a países que se recusam a impor aborto gratuito, ideologia de gênero, etc. a glorificação da seita LGTBI, o feminismo radical, convoca as multinacionais para promovê-la, a mídia para repetir incansavelmente a mensagem.

Mas o sucesso dessa empreitada diabólica seria sempre interrompido se eles confrontassem essas modas ideológicas com a Igreja Católica, a principal autoridade moral do mundo.

E embora o estabelecimento eclesial esteja nas mãos de hierarcas mais do que abertos a colaborar com o mundo, há um problema óbvio: a mensagem da Igreja é revelada, não deduzida ou acordada, e mudar claramente a doutrina equivale a destruir todo o edifício.

E é aqui que entra a "pastoral". Você sabe: o tempo é maior que o espaço e a realidade é maior que a ideia e o importante é 'abrir processos'. A pastoral se coloca cada vez mais, não como aplicação da doutrina ao caso concreto, mas em oposição dialética a essa doutrina, sem a necessidade de negá-la. O tempo e o costume mudarão então a doutrina no sentido "pastoral", pelo menos aos olhos dos fiéis: lex vivendi, lex credendi.

Vemo-lo literalmente por todo o lado, e desde antes deste pontificado. Nenhum documento magisterial aboliu, nem poderia abolir, o dogma de que fora da Igreja não há salvação. Não há necessidade: impõe-se a necessidade ecuménica e pastoral do "diálogo" e, em pouco tempo, dificilmente restará no rebanho alguém que se lembre ou acredite no dogma em questão. A liturgia eucarística é banalizada e descobrimos que, por exemplo, três em cada quatro católicos nos Estados Unidos não acreditam na Presença Real. É fácil, e você não precisa mudar um título da doutrina, que, em tese, permanece a mesma.

Vimo-lo na Amoris Laetitia, vemo-lo na Fiducia supplicans. Tudo pastoral, com acompanhamento, com discernimento. Em tese, a permissão para abençoar casais irregulares exige que a bênção seja espontânea, e não litúrgica, breve. Já assistimos a casos em que não foi esse o caso e que mereceram a aprovação tácita dos prelados. No devido tempo, veremos "casamentos católicos" que terão todos os elementos que costumamos associar ao casamento, mas se alguém protestar será lembrado de que não é casamento.

E agora chega a hora das "sacedortisas", uma reivindicação antiga do setor mais progressista da esquerda no Primeiro Mundo. A doutrina, mesmo o magistério recente, impossibilita a ordenação sacerdotal de mulheres, e opor-se frontalmente a ela não seria apenas um claro "casus belli" para o cisma, mas uma ocasião para o despertar de muitos, algo que não convém ao cozinheiro empenhado em cozinhar o sapo vivo.

Então, se eu tiver que apostar, eu apostaria que essa vai ser a 'solução', a resposta para o setor que exige a criação de sacerdotisas: um diaconato não sacramental. Tudo muito pastoral. Cargos e comissões, cargos de poder, novas figuras jurídicas, paramentos. Quando os tradicionalistas recalcitrantes denunciarem, serão lembrados de que nada mudou, que não é sacerdócio sacramental. Depois, só nos resta aguardar que os inevitáveis abusos, que serão tacitamente aceites pelo procedimento de não os punir ou denunciar, façam o seu trabalho na consciência dos fiéis. (Fonte: INFOVATICANA)

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